A etapa desta quarta-feira foi a prova do nove e Tadej Pogacar não precisava de dizê-lo após o final. Ninguém tem dúvidas de que Jonas Vingegaard está em boa forma. Poderá não ser a melhor de sempre, ou ao nível da de 2023, mas em muito boa forma, a suficiente para ser candidato sério à vitória nesta Volta a França.

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Pogacar também ficou a saber que, a partir de agora, atacar na cara do dinamarquês, como fez nesta etapa, pode sair-lhe… caro. O esloveno é que sabe como é que se está a sentir, e se efetivamente continuar «um nível acima» do que exibiu no Giro e a sentir-se na bicicleta «como nunca» se sentiu, então não precisa de entrar em aflição. Se não, se estiver a dar sinais de algum cansaço, está metido num sarilho.

Poderá não ser o mesmo sarilho de 2023, por duas razões: a primeira já foi mais ou menos referida: Vingegaard, até ver, não está ao nível do ano passado. Até ver… porque não quer dizer que não o atinja até final do Tour. A segunda, é que o nórdico não uma equipa tão forte como na temporada transata e não vai poder meter os seus gregários, principalmente o mais eficiente de todos em montanha, Sepp Kuss, a desgastar Pogacar enquanto vai na roda. A Visma não está bem, e mesmo Matteo Jorgenson, que tem sido o melhor, fica aquém das exigências das subidas mais seletivas, como se viu nesta última etapa.

De qualquer modo, poderá bastar um dia, uma etapa eleita, de concentração de esforços para esses trabalhadores da Visma darem o impulso que o seu líder deverá precisar para tentar derrotar Pogacar. Caso contrário, terá de ser Vingegaard a encontrar uma forma de eliminar o 1.14 minutos de atraso que tem na geral, e mesmo faltado um contrarrelógio, ainda que muito exigente no relevo, não parece que o dinamarquês tenha o andamento suficiente num percurso misto, de subida, plano e descida, para bater o rival por essa margem.

Assim, o que deverá fazer Pogacar para não ficar à mercê da quase melhor versão de Vingeggard? Passar a uma estratégia defensiva, ele que tanto tem criticado o adversário por isso. Meter a sua equipa de luxo a protegê-lo. Tem 1.15 para Vingeggard e pouco menos para Evenepoel, que ainda tem menos equipa do que esta Visma para ganhar o Tour.

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Mais, jogando com João Almeida e Adam Yates, quiçá Juan Ayuso – se o espanhol não estiver a fazer fita para não trabalhar – para desbaratar a Visma. O português, nesta etapa, nem sequer entrou em funções. O ritmo de Yates deixou-o em dificuldades. Por isso foi uma menos-valia de uma mais-valia.

Pogacar, a partir de agora, não deverá colocar Almeida e Yates a puxarem, mas a protegê-los, deixando a Visma desgastar-se, e depois a usá-lo cirurgicamente numa etapa fundamental de alta montanha (numa das duas dos Alpes, antes do CRI final) para atacar expor as fragilidades da equipa neerlandesa e isolar Vingegaard.


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