Não acreditamos em teorias da conspiração, mas que as há, há. Ninguém nos diga que os reality shows não são controlados pela produção ou que alguns concursos de cultura geral não têm perguntas combinadas ou estudadas. Só não cremos ainda que os Estados Unidos encenaram os primeiros passos do Homem na lua ou que tenha sido a CIA a arrasar as Torres Gémeas. Ainda.

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Isto para dizer que a primeira etapa do Tour 2024 foi perfeita. Perfeita demais. Uma vitória épica de um dos mais acarinhados corredores franceses na sua última participação na grande volta do seu país e do mundo, a primeira vez que veste a camisola amarela na Grande Boucle.

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A corrida de Romain Bardet não poderia ser mais espetacular, dramática e com um final mais feliz. Épica. Um ataque na cara do pelotão dos favoritos, uma transição perfeita para o grupo de fugitivos, a parceria com um companheiro de equipa estoico no seu apoio, a aventura a dois nos últimos quilómetros, a perseguição do pelotão a levar o suspense até aos últimos metros e o happy ending… à francesa. Ou melhor, à Netflix.

A teoria da conspiração pode ser rebuscada. Mas há muitos milhões em jogo e a necessidade de alimentar a série documental – muitíssimo bem produzida e realizada, faça-se justiça – com episódios empolgantes, reais. Ou que, parecendo reais, são virtuais. Pelo menos alguns. Quem viu as duas primeiras séries com outros olhos – os da teoria da conspiração – poderá, no mínimo, questionar.

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É difícil crer nesta “teoria”, admite-se. Mas basta sermos menos céticos para vislumbrarmos oportunidades nesta corrida para um discreto “arranjo cinematográfica”. Ganham todos. O corredor-protagonista (Bardet), a equipas envolvidas (todas as do pelotão) e a empresa de streaming. E ninguém perde. Desportivamente falando. Só se defrauda quem acreditará na “teoria”, por alegada distorção da verdade desportiva.

Pode dizer-se que estas corridas apoteóticas acontecem amiúde. Umas vezes ganha(m) o(s) protagonista(s) (fugitivo(s), outra os maus da fita (pelotão). É verdade. Ainda no Tour 2023 aconteceu… Coincidência. Recorde-se Kasper Asgreen, quando venceu a etapa 18, quebrando o jejum da Soudal e retirando o penta a Jasper Philipsen. Júbilo para os primeiros (dinamarquês e a equipa) e frustração para o velocista belga.

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Isto para não referir, ainda nesta primeira etapa este sábado, a luta dramática de Mark Cavendish para chegar dentro do tempo limite e não ser desclassificado logo ao primeiro dia do Tour, em que terá a última (espera-se que mesmo a derradeira) oportunidade de bater o recorde de 35 vitórias que partilha com Eddy Merckx. Arrisca-se um dedo mindinho em como o britânico vai concretizar o seu sonho. Resta saber à custa de (mais) quanto drama!

E já agora, questionar-se porque é que do muito antevisto primeiro teste de Tadej Pogacar e da UAE Emirates ao estado de forma de Jonas Vingegaard… nem sombra?

Mas estas não passam de teorias da conspiração. Mera teoria. Vale o que vale. Que seja tão-só reflexão.


Crédito da foto: LeTour Twitter – https://x.com/LeTour/status/1807156712874635286/photo/2

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