No dia 4 de abril deste ano que se apresta a findar, a vida de Jonas Vingegaard poderia muito bem ter mudado. Vítima de queda da 4.ª etapa da Volta ao País Basco, o dinamarquês sofreu graves ferimentos: pneumotórax, contusão pulmonar, múltiplas fraturas numa clavícula e costelas (7).

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Num programa no canal televisivo dinamarquês DRTV, o corredor de 28 anos recorda em conversa com a mulher o terrível acidente, assumindo que temeu pela própria vida e que enfrentou a possibilidade de ter de terminar prematuramente a carreira.

Apesar deste acontecimento traumático, Jonas Vingegaard regressou aos pelotões na Volta a França de 2024, onde conquistou o segundo lugar na classificação geral, atrás de Tadej Pogacar.

Vingegaard começa por recordar os momentos que antecederam a queda coletiva que envolveu, entre onze corredores, Remco Evenepoel e Primoz Roglic.

“Houve uma tensão no grupo que vinha a descer naquele momento, que talvez fosse escusada. Não é sempre que as coisas correm mal, mas às vezes acontecem, e talvez seja o seu cérebro a tentar protegê-lo de um acidente. Eu realmente não ouvi esse alerta. Houve uma batalha pela posição e, por causa da estrada ser má, não consegui travar. Depois a roda da frente da minha bicicleta derrapou. Definitivamente, estava a curvar a uma velocidade demasiado alta…”, explica o corredor da Visma-Lease a Bike.

Alguns segundos após a queda, Jonas Vingegaard apercebeu-se que o estado era grave. “Durante uns 10 segundos não consegui respirar. E depois, quando consegui, tossi e cuspi sangue. Pensei imediatamente que deveria ter alguma hemorragia interna, o que significava que ou me afogaria no meu próprio sangue ou morreria por perda de sangue…”, contou.

“Pensei que se sobrevivesse a isto…”

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Os médicos mantiveram Jonas Vingegaard no hospital durante doze dias, dos quais os primeiros oito foram nos cuidados intensivos. O duas vezes vencedor da Volta a França teve alta no dia 16 de abril, duas semanas após a sua trágica queda, que lhe poderia ter custado a carreira, mas, mais importante, a vida.

“Quando estava deitado no chão, pensei que se sobrevivesse iria colocar um ponto final na minha carreira. Que bastava de enfrentar riscos tão elevados”, revelou.

“Mas depois falámos muito sobre isso e ambos [ele a mulher, grávida à data] achámos que eu devia continuar, porque o ciclismo é a minha paixão. A princípio pensei que voltar à alta competição não era realmente uma opção”, conclui Jonas Vingegaard, em que também se refere ao seu desempenho no Tour e à superioridade evidenciada por Tadej Pogacar.

«Quando olho para o meu desempenho este ano no Tour, em comparação com o dos anos anteriores, foi muito melhor, no Plateau de Beille, por exemplo, atingi valores de potência que não atingira antes. Lembro-me que no primeiro ano em que ganhei o Tour [2022], os valores não comparam com os que atingimos este ano», destacou Vingegaard.

Perante isso, o nórdico inclina-se perante a superioridade de Pogacar. «Vi os números que eu estava a fazer e ele estava sempre a distanciar-se de mim. Por sso, mereceu vencer o Tour», reconhece Vingegaard. «Para vencer Pogacar, tenho de subir mais um nível no no Tour do próximo ano e creio que serei capaz de o fazer», afirmou o corredor de 28 anos.

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A superioridade do esloveno em 2024 fê-lo motivar-se para a preparação da próxima temporada este inverno. «Viu-o a ganhar todas aquelas corridas e estou fascinado com ele, como ciclista», admitiu Jonas Vingegaard.

«Creio que é um corredor fantástico, mas é claro que no dia a dia concentro-me em mim. Estou a trabalhar para melhorar, por isso antecipei a pré-temporada, para recuperar o tempo perdido devido à minha lesão. Tenho de ser o melhor possível nas corridas que tenho de fazer e torcer para que isso seja suficiente para vencer Pogacar», concluiu vencedor do Tour em 2022 e 2023.


Créditos da imagem: Captura de televisão 

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