É mesmo caso para dizer que nada pára Annemiek van Vleuten. Foi campeã do mundo com uma fratura no cotovelo! Se não tivesse corrido, ninguém A teria criticado. Mas a neerlandesa é de outro nível. Um muito próprio.

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Sofreu grande parte dos 164,3 quilómetros do percurso australiano de Wollongong. Não conseguia levantar-se e admitiu que as suas pernas estavam a “explodir”, principalmente nas subidas ao monte Pleasant.

Van Vleuten tentou trabalhar para Marianne Vos. Não teve problemas em assumir o papel de gregária, perante a limitação física. Aquela queda no contrarrelógio misto por equipas parecia ter deitado por terra um dos últimos objetivos de carreira da neerlandesa: fazer a sua derradeira temporada com a camisola arco-íris.

Parecia… Mas nesta ciclista, impossível é uma palavra que não entra no seu dicionário. Ainda que desta vez, ela própria ficou incrédula ao vencer.

Apanhou-se no grupo da frente, depois de já ter ficado afastada das líderes da corrida. Procurou Vos, mas não demorou a perceber que era ela quem tinha a hipótese de vencer. Só havia uma forma: atacar.

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Já se estava nos 500 metros finais. E lá foi Van Vleuten. Enquanto as ciclistas entreolhavam-se a pensar no sprint, passou a neerlandesa por todas a grande velocidade.

Entreolharam-se mais um pouco e quando começaram a reagir… Bem… é Van Vleuten! Lotte Kopecky bateu naquele guiador em frustração. A belga sabe que desperdiçou uma oportunidade para conquistar o seu primeiro título mundial. A fechar o pódio esteve a italiana Silvia Persico.

Foi o segundo título para Van Vleuten (venceu em 2019), mas este tem toda uma história que se falará por muito tempo no ciclismo.

“Ainda não acredito. Ainda estou à espera que alguém me diga que não é verdade. Procurava a Marianne e estava no grupo. Depois só pensei que tinha de atacar de longe. Pensei que me iam apanhar”, afirmou, ainda a tentar perceber o que tinha acabado de conseguir.

Após cortar a meta, foi preciso dizer a Van Vleuten que tinha mesmo ganho e quando estava na entrevista após a corrida ainda não acreditava.

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“Não podia levantar-me, tinha de fazer tudo sentada, as pernas estavam a explodir. Tinha tantos planos antes de partir o cotovelo… Sou campeã do mundo e essa é a história”, admitiu.

E não escondeu que o pensar que já não ia poder vestir a camisola arco-íris em 2023 estava a pesar: “Era por isso que estava super desiludida quando parti o cotovelo.”

A 8 de outubro fará 40 anos. 2022 foi mais um de sonho. Grande exibições, grandes vitórias que incluíram Giro, Tour e Vuelta. Mas o que aconteceu em Wollongong certamente que marcará a temporada e a carreira desta extraordinária ciclista dos Países Baixos.

Há que destacar mais um título mundial. Pela primeira vez foram entregues camisolas arco-íris às sub-23 femininas, ainda que tenham competido com a elite. A neozelandesa Niamh Fisher-Black foi a campeã, com a britânica Georgi Pfeiffer e a alemã Ricarda Bauernfeind a ficaram com a medalha de prata e bronze, respetivamente.

Classificações completas:

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Fotografias Van Vleuten: Sprint Cycling Agency/Movistar Team

Fotografia sub-23: UCI (Union Cycliste Internationale)

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