Um duelo de titãs, um ambiente impressionante criado por moldura humana de adeptos fervorosos, uma corrida tensa, fechada, atmosfera de suspense até à última reta e quinto título mundial de ciclocrosse para Mathieu van der Poel! O neerlandês venceu perante os seus fãs, no seu país-natal, em Hoogerheide, o arquirrival Wout Van Aert!

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Alcançou-o num sprint impressionante, digno de um campeonato do mundo. O belga, tantas vezes mais calculista e previdente do que o adversário, foi surpreendido, mas não era o seu dia, como reconheceu no final. Esteve sempre pressionado e a correr atrás de Van der Poel, esteve muito mais tempo na roda do que assumindo a corrida, reconhecendo o corredor dos Países Baixos como mais forte. A camisola de arco-íris está bem entregue. Dizemos nós…

 

Van der Poel atacou várias vezes Van Aert, sempre sem sucesso. Apesar de perder alguns metros, o belga recuperou sempre. O neerlandês pareceu sempre mais à vontade do que o oponente, mas não havia nada a fazer para o distanciar. Afinal, é Van Aert!

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A tensão foi em crescendo com o acumular das voltas, embora os dois monstros sagrados do ciclocrosse continuassem igualados. Toda a gente começou a perceber que seria para decidir ao sprint. Ninguém veria uma vitória por “esmagamento” de um deles.

A última volta começa neste cenário, ou talvez com ainda maior estudo mútuo. Mas qualquer erro seria fatal. Van Aert finalmente assumiu a liderança e pressionou, sem a fundo. Talvez não acreditasse nas suas possibilidades…

E decidiu (ou terá sido surpreendido) entrar na reta a meta, em subida, na liderança. Eram cerca de 300 metros. Mas Van der Poel não esperou que passassem sequer 100, e atacou com tudo! Uma aceleração à Van der Poel, a lembrar a Strade Bianche de 2021, quando arrasou Julian Alaphilippe. Van Aert não teve capacidade recuperar. Ficou sempre atrás do rival, que explodiu de alegria!

Atrás dos dois intocáveis, a batalha pelo bronze – era o melhor que os restantes corredores poderia aspirar – entre o belga Eli Iserbyt e o neerlandês Lars van der Haar… também ao sprint. Neste duelo, a Bélgica venceu os Países Baixos.

Mais atrás, em quinto lugar, o campeão europeu Michael Vanthourenhout, seguido pelos seus compatriotas Gerben Kuypers, Niels Vandeputte e Laurens Sweeck. O top 10 é completado pelo britânico Cameron Mason e pelo francês Clément Venturini.

 

“Trabalhei muito para esta vitória, apesar dos meus recorrentes problemas nas costas. Comecei do zero com a equipa durante o estágio [em Espanha], para atingir este objetivo a que me propus no início da época”, começou por declarar Van der Poel. “Acho que toda a gente pensou que a corrida iria acabar assim, ao sprint. Esta vitória está no top três da minha carreira. Vou recordá-la durante muito tempo”, afirmou o novo campeão mundial.

 

“Na última volta senti-me super relaxado. Creio que essa foi a chave para a vitória. Todos esperavam que eu atacasse nos obstáculos ou nas pontes, mas já sabia que queria ir para o sprint, porque sei que o final aqui servia-me bem”, reconheceu Van der Poel, que teve uma palavra para Van Aert, o seu arquirrival.

“Toda a gente conhece a nossa história. Competimos desde pequenos. Motivamo-nos um ao outro para ir sempre mais longe. Foi uma corrida excecional. Ele que não se preocupe, que não fique aborrecido, esta a chegar mais uma temporada de estrada, e certamente haverá mais batalhas entre nós”, finalizou.

 

Wout van Aert estava naturalmente triste, mas ao mesmo tempo conformado. “Quem fica em segundo fica sempre desapontado e quem ganha fica em primeiro sempre feliz. O Mathieu foi muito forte, impressionou-me desde o primeiro minuto. Parabéns para ele”, referiu o belga.

Wout Van Aert reconheceu que o seu desempenho esteve abaixo das suas expectativas. “Desde o primeiro minuto, Mathieu pressionou-me muito. Durante a primeira meia hora lutei para me manter na sua roda. Senti-me amedrontado atrás dele. Foi difícil tentar algo, teria sido inútil. Não estou satisfeito com a minha corrida. Gostaria de ter feito aquele sprint novamente. Em retrospetiva, deveria tê-lo lançado, é culpa minha”, explicou Van Aert.

Um sprint que o corredor da Jumbo-Visma não esperava enfrentar na liderança. “Toda a corrida pensei em fazer a última curva atrás do Mathieu. Achei que ele iria tentar algo nos obstáculos. Ele deixou-se ficar para trás, fiquei um pouco surpreso”, começou por explicar.

“Esse foi o momento-chave desta corrida, na minha opinião. Quando me encontrei na frente, não tinha nenhum plano em mente. Creio que o Mathieu foi o mais forte, mas isso não significa que eu não pudesse ter vencido a corrida. Tiro-lhe o chapéu por ter conseguido tal sprint. Sempre houve muito suspense entre nós… Acho que esses foram os campeonatos com menor diferença entre nós”, concluiu o vice-campeão.

Classificação completa:

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Fotografias: Twitter UCI_CX

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