Tadej Pogacar caiu na Liège-Bastogne-Liège e logo que se soube que o corredor esloveno tinha fraturado o escafoide (um dos ossos do pulso), implicando intervenção cirúrgica, temeu-se que o tempo de recuperação pudesse colocar em risco a sua participação na próxima edição da Volta a França.

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No entanto, Ángel Villamor, um dos traumatologistas mais prestigiados do mundo, conhecido como o “mago das mãos”, que recuperou muitos pilotos de motociclismo em tempo recorde, não tem dúvidas sobre a rápida recuperação do ciclista esloveno, a tempo de estar à partida do Tour, no dia 1 de julho.

Num artigo no jornal El Mundo, o médico espanhol explica como mudou o método de tratar uma lesão que até recentemente significava um mínimo de três meses de inatividade. Agora, diz, basta cumprir o tratamento que implementou com sucesso, altamente eficaz apesar de muitíssimo dispendioso, que salvou a carreira de estrelas do desporto como o tenista Rafael Nadal ou o piloto de MotoGP Marc Márquez.

Tadej Pogacar já tinha fraturado o escafoide há alguns anos, mas esta fratura revelou-se mais grave e delicada e o prognóstico para a recuperação afigurava-se longo, fazendo perigar a sua participação no Tour, onde tentará reconquistar a camisola amarela perdida para Jonas Vingegaard da Jumbo-Visma, em 2022.

O escafoide é um osso carpal muito pequeno, alongado e ligeiramente curvo, localizado no pulso, próximo ao rádio, do lado do polegar. Desempenha um papel importante na mobilidade e estabilidade da articulação e costuma fraturar em duas partes na sua parte mais fina, após uma queda com a mão estendida em que todo o peso do corpo se exerce sobre a palma da mão.

“Tratar essa fratura através de imobilização com talas ou gesso, como se fazia no passado, levaria cerca de três meses de recuperação, que é o tempo que pode demorar a consolidar o osso, que é muito pouco vascularizado. De facto, um dos riscos que corriam os pacientes com esse tipo de fratura era a necrose no segmento, que fica sem irrigação sanguínea”, começa por explicar Ángel Villamor.

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“Para evitar esse risco e obter uma recuperação melhor e mais rápida, os pacientes que nos procuram com o escafoide fraturado passam imediatamente à cirurgia. Nesta, que realizamos com técnicas percutâneas com controlo radiológico que nos permitem operar através de uma incisão de apenas um centímetro, aproximamos os fragmentos ósseos com parafusos especiais [como descreveu o médico da UAE Emirates, Adrian Rotunno, no mais recente comunicado sobre a intervenção a Pogacar – ver em baixo], que os comprimem ao máximo para restaurar a circulação sanguínea e evitar eventual necrose. Esses parafusos são sem cabeça para evitar atrito e desconforto com outros ossos nessa zona”, afirmou o traumatologista.

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“Depois da cirurgia, para reduzir a inflamação, acelerar a formação do calo da fratura, recuperar a irrigação sanguínea e evitar rigidez, inicia-se imediatamente fisioterapia (dita precoce), mobilizando a área no dia seguinte à operação, e faz-se uma infiltração de plasma rico em plaquetas, pois ajuda a consolidar a fratura e favorece a neovascularização (formação de novos vasos sanguíneos que irão nutrir os tecidos lesados)”, continua o clínico.

Desta forma, caso não existam complicações, o ciclista esloveno estará apto a competir num período de duas ou três semanas, com o que estaria assegurada a sua presença no Tour. “Esse é o período em que costumamos recuperar motociclistas com fraturas do escafoide, levando em consideração que os movimentos de aceleração e travagem implicam um estresse muito maior nos pulsos do que o que é aplicado por um ciclista nas manetes e no guiador da bicicleta”, conclui Villamor. Percebe-se porque lhe chamam o “mago das mãos”…

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Imagens: UAE Emirates Twitter

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