Cada vez existem mais sistemas de transmissão eletrónica, certo? Com especial contributo da Sram, fabricante deste tipo de componentes, mas também com a “ajuda” da experiente Shimano, apesar da ausência de fios ser ainda algo pouco utilizado pela marca japonesa.

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Estas transmissões estão a entrar em cada vez mais bicicletas, baixando cada vez mais nas gamas. É fácil prever que o futuro das transmissões das bicicletas, de uma forma geral, andará em torno de sistemas eletrónicos, sem fios, tecnologicamente avançados. E ainda bem!

Há diferenças no que existe hoje em dia em relação a transmissões eletrónicas, tanto nas bicicletas de estrada como nas de BTT, por exemplo. Por isso deixamos aqui algum detalhe sobre o assunto.

Campagnolo e Sram

As transmissões Super Record Wireless da Campagnolo (para bicicletas de estrada) e AXS da Sram são de acionamento eletrónico completamente wireless, ou seja, não assentam em qualquer cabo para passar informações e/ou energia.

Grupos Electrónicos

Cada elemento tem a sua própria fonte de alimentação, seja sob a forma de baterias recarregáveis (nos desviadores) ou de filhas do tipo CR (nos manípulos e botões).

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FSA e Shimano

A FSA tem o grupo K-Force WE (para bicicletas de estrada) que recorre a sinais wireless entre os manípulos/manetes e uma central que está no desviador da frente, local onde também está a bateria. Daí até ao desviador traseiro, tanto a informação como a energia são transmitidas através de um pequeno cabo.

Shimano 105 Di2

O sistema é quase idêntico ao das transmissões Shimano de estrada e gravel (Dura-Ace Di2, Ultegra Di2, 105 Di2 e GRX Di2): a maior diferença está na bateria, que está localizada no tubo do selim (por ser de dimensão maior, o que resulta numa autonomia mais extensa).

A Shimano tem também alguns grupos eletrónicos para bicicletas de montanha, o XT Di2 e o CUES Di2, que estão em exclusivo associados aos motores de e-bikes Ep8 e EP6. A bateria da bicicleta elétrica é a que alimenta também a transmissão.

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Vejamos agora o que as transmissões eletrónicas sem fios trazem em termos de pontos positivos e negativos. Estas são as vantagens:

1. Desempenho

Os grupos mecânicos sofrem mais em termos de performance ao longo do tempo, seja por causa do desgaste ou de condições atmosféricas mais adversas.

É preciso fazer manutenção mais frequentemente (limpeza, lubificação, substituição dos cabos…) para termos um desempenho sempre perfeito. Os grupos eletrónicos, por sua vez, uma vez configurados não requerem muito mais cuidado.

2. Velocidade

A troca de mudanças ocorre mais depressa nos grupos eletrónicos do que nos mecânicos. É mai rápido carregador no botão e perceber que a mudança é de imediato transferida do que estar a acionar a manete do sistema mecânico.

Ao nível da performance, e em competição, cada segundo conta, pelo que o eletrónico pode ser mais vantajoso. Num uso mais “amador”, é tudo mais simples, também, o que nos permite “desligar” um pouco das mudanças e dar mais atenção à condução, por exemplo.

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3. Facilidade de uso

Um sistema eletrónico é mais fácil e simples de manusear. A facilidade com que os diferentes elementos da transmissão respondem às nossas ações é enorme: um pequeno toque no botão e já está!

Isto faz, por vezes, com que trocar de mudanças nos trilhos e percursos mais técnicos e exigentes sejam mais fácil. E por isto ser assim é normal que estejam a aparecer manípulos e botões cada vez mais pequenos e competentes.

4. Personalização

É fantástico: podemos ajustar vários parâmetros dos sistemas eletrónicos através de apps instaladas no smartphone! As primeiras transmissões deste género precisavam de um programa de computador para estas “afinações”, mas agora é tudo feito no smartphone. Atribuir funções diferentes aos vários botões, alterar a velocidade de resposta, configurar diferentes modos de uso…

5. Liberdade para os fabricantes

Os fabricantes de bicicletas gostam dos conjuntos sem fios, pois cada vez existem mais quadros concebidos para usarem apenas transmissões eletrónicas. Assim podem centrar-se mais nas características de rígidez e conforto, por exemplo, em vez de terem de estar a pensar onde vão passar os cabos.


Mas nem tudo é perfeito nestes grupos de transmissão eletrónicos. Estes são os potenciais pontos menos positivos…

1. Preço

É óbvio que o preço é o principal “problema” destes sistemas eletrónicos. Apesar de os valores estarem sempre a baixar, pois marcas como a Sram vão lançando conjuntos em toda as gamas de preço, é certo que uma bicicleta com mudanças eletrónicas será sempre um pouco mais cara.

Mais: em caso de avaria ou desgaste evidente, substituir o conjunto completo e/ou algum componente é mais caro.

2. Ficar sem bateria!

Já nos aconteceu mais do que uma vez! É verdade que os sistemas com baterias maiores apresentam uma autonomia quase inesgotável, mas é também um facto que podemos ficar sem bateria se nos esquecermos de as recarregar na noite anterior a uma prova ou a um treino!

E numa bicicleta com transmissão eletrónica não ter energia na bateria do desviador é mesmo algo que impede que possamos andar. Podemos usar a bicicleta, claro, mas não podemos trocar de mudança. Isto não acontece nos sistemas de transmissão mecânicos, naturalmente.


Créditos das imagens: Campagnolo / FSA / Shimano / Sram / arquivo GoRide

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