Testar uma Trek Procaliber é testar os nossos limites… Porquê? Entre outros “detalhes”, porque, pela nossa experiência com as gerações anteriores desta hardtail de BTT da marca norte-americana, esta é uma bicicleta muito rápida.

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Nova Trek Procaliber 2025

Agora, nesta Gen 3 da Procaliber, há novidades, inclusive uma alteração na geometria da bicicleta, também por causa do novo sistema IsoBow, que é a “forma” como se cruzam o tubo do espigão, as escoras superiores e o top tube. Já lá vamos.

Esta é de facto uma bicicleta muito reativa. Não é perfeita, verdade seja dita, mas responde muito bem, sempre, e ficamos com a sensação de que o “andamento” que metemos na pedalada é efetivamente traduzido em progressão no terreno.

No meio das novidades, confirmamos a vocação ‘eterna’ da Trek Procaliber: faz-nos andar depressa.

E isto nota-se a subir, especialmente, e também a rolar. A descer, contudo, o comportamento é o de uma hardtail convencional, perdendo bastante a vários níveis para as suas “irmãs” de suspensão total, sejam elas da Trek ou não.

Mas repare-se: nos dias de hoje, testar uma hardtail já não é algo comum, dado que cada vez mais as marcas apostam na eficiência dos seus modelos de suspensão total, que estão cada vez mais leves, polivalentes… É um facto.

Mas isto “mata” as hardtail, retira o interesse de ter uma bicicleta com estas características? Não, de todo. E isso até se confirma quando estamos a assistir a eventos da Taça do Mundo de XCO e vemos que há corredores que levam hardtails para o circuito.

E só não o fazem mais vezes porque precisam de descer mais depressa e porque têm de usar a mesma bicicleta tanto na prova de XCC, na véspera, como na de XCO…

E pegar na Trek Procaliber Gen 3 de 2025, neste caso a muito bem equipada versão 9.7 AXS, é desde logo encontrar uma bicicleta de puro XC… Performance e tecnologia pensadas para proporcionar uma experiência excelente tanto em competição como em passeios de fim de semana. Missão cumprida.

E a “culpa”, acima de tudo, é do quadro. Carbono OCLV da Trek, claro, e o resultado é uma estrutura muito leve e rígida ao mesmo tempo, com uma geometria que a torna ágil e fácil de controlar.

Parece que tudo é ‘direto’ nesta Procaliber, se é que nos fazemos entender…

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KTM Macina Lycan 571 Glorious

O que está diferente nesta geração (e ainda bem…)? A “tradição” que a Trek já tem de encontrar uma forma engenhosa de “cruzar” as escoras superiores, o tubo do espigão e o top tube.

Nas gerações anteriores houve a presença de um rolamento nessa ligação, e de uma espécie de membrana em borracha (o sistema IsoSpeed). Podes ver pormenores no teste que fizemos ao mesmo modelo, mas da gama de 2022, a Trek Procaliber 9.8 desse ano.

‘Ligação’ IsoBow

Agora, o que há naquele espaço? Basicamente, nada! Porque o IsoBow é, apenas, o quadro na sua função de peça única. Nesse ponto de ligação, o que existe agora é um método diferente de unir o carbono, mas não há componentes e tubos distintos. Está tudo unido, é o quadro em si.

Este sistema consiste no prolongamento das escoras superiores, que são os estreitos tubos da parte de cima do triângulo traseiro, para além do tubo do selim, ligando-os diretamente ao top tube. Na intersecção há uma estrutura fina, simples, que sofre flexão controlada para absorver vibrações e impactos. Confirma-se.

O que está prometido pela marca com isto é “suavizar o efeito desconfortável das pequenas lombas e da trepidação nos trilhos”, maior eficiência ao pedalarmos e uma redução no peso do quadro. E o peso é um tema, sim…

O quadro em carbono passa de 1.350 gramas para 1.150 gramas. Itens como o bloqueio de rotação da direção, por exemplo, foram excluídos, para fazer baixar o peso, diz a Trek. Ainda assim, com pouco mais que 10 kg, não é a mais leve entre as hardtail… Interessa ser cada vez mais leve? Sim, sempre!

Mas há mais a dizer sobre o quadro e sobre a nova geometria. O ângulo da direção passa de 68,8 para 67 graus, enquanto o ângulo do tubo de selim sobe de 73,8 para 74,3 graus. O reach é agora de 460 mm (neste tamanho L que testámos), quando antes era de 450 mm. Tudo está mais “descontraído”.

Há ainda mais clearance para pneus mais largos (até 2,4”) e as pinças de travão são “flutuantes”, mais uma vez. Ou seja, o travão traseiro fixa-se numa extensão do eixo traseiro, permitindo que a escora flexione e amorteça vibrações dos trilhos sem interferir com a consistência e doseamento de travagem.

Mais curso, 120 mm

Por outro lado, junto com o já referido ângulo do tubo de direção mais aberto, lá está a suspensão RockShox SID SL Select de 120 mm… Aumentando o curso, a Trek Procaliber passa a ser a bicicleta de XC da Trek com mais curso de amortecimento à frente.

Mesmo sendo uma hardtail, esta combinação proporciona um excelente controlo e dá muita confiança em descidas rochosas e em terrenos mais irregulares.

Para tal contribui também um elemento que já conhecemos do passado e do qual é muito fácil gostar: o guiador com avanço integrado RSL Bontrager. Além de esteticamente atrativo, este componente é em carbono, com 750 mm, e faz-nos “encaixar” bem na bicicleta.

Depois encontramos nesta versão 9.7 AXS outros componentes muito interessantes. Tudo do bom e do melhor da Sram, basicamente, dos travões à transmissão. O conjunto é o Sram X01 Eagle AXS, com um passar de mudanças preciso e sem esforço, o que é uma vantagem significativa em condições difíceis.

Ser um sistema sem fios, além da eficácia, também melhora a estética da bicicleta e reduz o risco de falhas. Destaque para o prato 38t de origem, algo que nos indica claramente que vamos ter de treinar bem para tirarmos partido total desta Procaliber Gen 3…

Kovee Pro 30 ao serviço!

Podíamos ficar por aqui e já ficaríamos bem, até porque mesmo esta versão de topo anda a rondar os 4.000 euros, o que para uma Trek é um ponto positivo… Mas há ainda as rodas Bontrager que surgem de origem nesta versão, as Kovee Pro 30 que também já conhecemos do passado…

Provavelmente umas das rodas de carbono com melhor relação entre preço e qualidade do segmento. São leves e resistentes, com uma boa combinação de rigidez e conforto. Ótimas para qualquer tipo de utilização.

A juntar a estas, a Trek já nos habituou a que os seus modelos de topo equipem com pneus Pirelli, neste caso os novos Scorpion Pro Wall XC RC. Um pneu leve e com um grip muito bom.

Mas atenção neste ponto: no site da Trek, na lista de material da bicicleta, surgem os novos Bontrager Sainte-Anne RSL XR. Tudo bem, pois este é também um bom pneu, andámos com ele quando testámos a Trek Supercaliber.

Em conclusão…

Resumidamente, estamos perante uma bicicleta com um preço interessante tendo em conta o equipamento que traz nesta versão 9.7 AXS, com baixo investimento em manutenção, à partida (por ser hardtail), e com uma eficiência incrível.

Todos os watts passam imediatamente para cada metro que esta Procaliber “devora”, aparentemente sem perdas e sempre “a sair”. A subir é excecional, a rolar porta-se bem e a descer cumpre.

O novo sistema IsoBow torna a bicicleta muito bonita, apesar de fazer lembrar os quadros hardtail de outros fabricantes nessa zona do quadro, e ainda reduz o peso total do conjunto.


Trek Procaliber 9.7 AXS Gen 3 2025:

  • Quadro em carbono OCLV com sistema IsoBow
  • Suspensão: RockShox SID 120 mm
  • Rodas: Bontrager Kovee Elite 30 em carbono
  • Pneus: Pirelli Scorpion Pro Wall XC RC (Bontrager Sainte-Anne RSL XR)
  • Travões: Sram Level com discos 180 mm
  • Transmissão: Sram GX Eagle AXS T-Type (cassete XS-1275 10-52t, 12x), corrente GX, prato 38t
  • Selim: Verse Short Elite 145 mm
  • Espigão: telescópico Bontrager Line 150 mm
  • Guiador/avanço: integrado, RSL Bontrager em carbono, 750 mm
  • Punhos ESI Chunky
  • Peso: 10,58 kg
  • Preço: 4.009 euros

Trek Procaliber 9.7 AXS Gen 3 2025
» Info e lista de especificações completa (www.trekbikes.com/pt)
» Galeria de fotos (no Flickr)
» Texto e teste: Nuno Margaça
Rider nas imagens: Nuno Margaça e Rafael Prazeres
Fotos e vídeo: Jorge D. Lopes e Rafael Prazeres

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