Uma boa bicicleta de estrada será sempre uma boa bicicleta de estrada. E, num patamar de preços a rondar os 10.000 euros, é normal encontrarmos boas bicicletas. Excelentes, mesmo. Neste caso, e neste nosso teste, falamos de uma Trek Domane, mas a este nível de valores há opções de eleição no catálogo de várias marcas, como sabemos.

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Naturalmente, um modelo bem equipado a este ponto, com um quadro de topo em carbono, leve e funcional ao máximo, acaba sempre por cativar quem nele anda. Nesse sentido, é também natural que esta Trek Domane SLR 7 AXS Gen 4 de 2023 nos tenha cativado.

Esta sugestão do segmento endurance da Trek dá-nos vontade de treinar mais vezes, o dobro do tempo. Transmite excelentes sensações. Motiva. E é versátil, também, pelo que aceitámos um outro desafio lançado pela marca: além das várias centenas de kms que fizemos com ela na estrada, montámos-lhe uns pneus de gravel e arrancámos para os estradões.

Trek Domane SLR 7 AXS Gen 4 2023 | GoRide | Details

Não tanto para os single tracks técnicos, mais para os caminhos de terra batida mais rápidos e fluidos. E ficámos surpreendidos. Mas já lá vamos. Para já vamos tentar perceber como é que ganhou forma esta Trek Domane e em que medida é que já tem provas dadas em competição, até.

Esta é a 4ª geração da Domane e os engenheiros da Trek podem estar orgulhosos do que conseguiram fazer neste modelo SLR, e isto com a colaboração dos ciclistas profissionais da equipa Trek-Segafredo.

Como é sabido, estes prós tão depressa estão a andar “a fundo” nas etapas mais rápidas do World Tour como avançam mais cautelosos no pavé ou nos empedrados da Paris-Roubaix, por exemplo…

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Ou seja, a Domane vem da competição pura, daquelas etapas longas e duras. É uma bicicleta de endurance, mas não diz que não à velocidade. E a construção do quadro em carbono é uma das responsáveis por isso, fazendo com que seja bastante leve: qualquer coisa como 9 kg nesta versão SLR 7 com transmissão eletrónica Sram AXS (tamanho 58).

Rápida, mas confortável

E vamos adiantar-nos tirando desde já uma conclusão bastante global sobre a bicicleta, servindo quase como uma avaliação de desempenho final. A Trek Domane SLR 7 AXS Gen 4, além de rápida, mostra-se confortável, com uma direção um pouco mais alta do que o normal na estrada, e muito reativa.

Esta é uma bicicleta conhecida pelas suas prestações em pisos mais irregulares, estradas empedradas, pavé… e diga-se que estão confirmados esses créditos. A transição entre a estrada e pisos de terra batida é muito natural, o corpo não acusa essas mudanças de terreno, mantendo-se estável e equilibrada.

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Parte dessa suavidade é garantida pelo sistema IsoSpeed na união dos tirantes superiores com os tubos de selim e superior, algo que ajuda a filtrar vibrações, explica a marca. Se dá para sentir em concreto? Não de uma forma efetiva. Mas o “trabalho” está lá e vai sendo feito. Nas voltas mais longas, isto pode fazer a diferença.

E seguimos esta “conversa” a falar precisamente do IsoSpeed traseiro e do quadro desta endurance, em carbono OCLV 800 Series e com tubos Kammtail. Na prática, basta rolar alguns kms após a afinação inicial de periféricos e rapidamente notamos que esta Domane é cómoda e uma “devoradora” de asfalto.

Há um bom equilíbrio entre o quadro e a forqueta, a leveza ajuda, o IsoSpeed é imagem de marca até no que toca à estética e ainda há um “bónus”, por assim dizer: a preciosa abertura no quadro por baixo da grade de bidon para arrumação de ferramentas, da câmara de ar e de algo mais (não muito mais…).

Aliás, o quadro está pensado para transportar coisas. Esse compartimento de arrumação no tubo inferior guarda o essencial, mas existem no quadro vários pontos de fixação para instalar bolsas de transporte de objetos. Há furação até para guarda-lamas e podemos montar também alforges. E isto leva-nos a outro tipo de uso que se pode dar a esta Trek Domane.

Na estrada e algo mais….

O fabricante afirma categoricamente que a bicicleta também pode assumir-se como um modelo de gravel, ou andar lá perto, estando preparada para andar em todo o tipo de terrenos. Quisemos experimentar isso e tirámos um dia especialmente para uma volta um pouco maior…

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Montámos uns pneus Bontrager Gr1 de 35 mm e seguimos pela zona Oeste, a nossa preferida, ligando o mar à Serra de Montejunto, num percurso composto por 80% de estradões e 20% de asfalto. E foi nos trilhos e em estradões abertos que a SLR 7 surpreendeu com a maior das naturalidades, e sem esquecermos que a bicicleta não tem qualquer sistema de suspensão.

Revelou adaptabilidade a qualquer tipo de terreno, também neste ambiente se mostrando rápida, leve e eficiente, sendo estes os factores que mais sobressaem neste modelo de 2023.

Achamos que os donos desta Trek Domane terão sempre de ponderar um investimento adicional: terem sempre um par de rodas extra a postos. Não para um upgrade às que estão de origem (não é de todo necessário…), mas sim para terem montados pneus de gravel e servirem de alternativa para voltas na terra batida…

Por falar nisso, sublinhe-se que as rodas também têm aqui um papel importante, sendo um dos componentes que mais ajuda a que o preço da bicicleta esteja lá em cima. São umas Bontrager Aeolus Pro 37 de carbono e dão boa ajuda a andar depressa e a absorver imperfeições do solo, tal como os pneus. Os eixos passantes têm manete removível, o que dispensa ferramentas para tirar as rodas.

De 32 a 38 mm

De origem temos “borracha” de 32 mm (Bontrager R3), mas há espaço no quadro para ir até aos 38 mm, a pensar nos tais terrenos mais atribulados. A nível de travagem, com discos de 160 mm e montagem flat mount, esta Domane SLR 7 está bem servida.

Por outro lado, a transmissão eletrónica é algo fácil de encontrar nesta gama. Neste caso é o conjunto Force eTap AXS da Sram, 12 velocidades, cuja funcionalidade e precisão está mais do que comprovada.

Boa amplitude de mudanças para cenários distintos, com duplo prato pedaleiro 46-33t e cassete 10-33t. Sem falhas durante o tempo em que andámos com a bicicleta. Melhor: os cranques (175 mm no tamanho de quadro 58) contam com medidor de potência integrado (também Sram Force AXS, e com dados disponíveis na app para smartphone).

Não queremos escrever muito mais, pois é nas fotos e nos vídeos que fizemos desta Trek Domane que nos “deliciamos”, na verdade. Mas, para fechar este conjunto de impressões, vamos destacar dois “pormenores” a ter em conta na bicicleta…

O cockpit é composto por periféricos também da Bontrager, passando os cabos por dentro das fitas. O guiador é o Bontrager Pro IsoCore, que, segundo a marca, reduz as vibrações da estrada em cerca 20% em comparação com outros. Não notamos grandes diferenças e não é o guiador mais integrado que já vimos. É mais para o conforto do que para a performance…

Depois, note-se que o aperto do espigão está oculto no quadro, o que resulta bem visualmente; com o contributo visual e funcional do IsoSpeed, esta zona do quadro está muito bem construída. E o selim do tipo curto foi bem escolhido.

A nossa avaliação…

Não é para todas as bolsas, mas esta é  uma bicicleta de endurance fantástica, vocacionada para as voltas grandes, com uma posição de condução confortável, leve e descontraída.

Em suma, estamos perante uma bicicleta de eleição para realizarmos qualquer granfondo na distância máxima. Numa luta contra o cronómetro, é possível que alcancemos alguns dos nossos melhores dados, tal como nos é permitido sempre que andamos numa topo de gama a este nível, que não é barata.

A juntar a isso, ter umas rodas extra com pneus de gravel prontas a arrancar é sempre algo a ter em conta com esta Trek Domane, pois ela pode ser a companheira perfeita para nos levar por estradões fora de Lisboa ao Algarve, por exemplo, sem olharmos sequer para as horas…

Ficha técnica da Trek Domane SLR 7 AXS Gen 4 2023:

Quadro: Carbono OCLV 800 Series, IsoSpeed // Forqueta: Domane SLR em carbono // Transmissão: Sram Force eTap AXS 12x (prato duplo 46-33t com medidor de potência Sram Force AXS / cassete Sram Force XG-1270, 10-33t) // Travões: Sram Force eTap AXS (discos 160 mm) // Rodas: Bontrager Aeolus Pro 37 mm com eixo passante Bontrager Switch // Pneus: Bontrager R3 32 mm // Guiador: Bontrager Pro IsoCore VR-SF (44 cm no tamanho 58) // Avanço: Bontrager RCS Pro, -7 graus (100 mm no tamanho 58) // Fitas: Bontrager Supertack Perf // Selim: Bontrager Verse Short Elite // Espigão: Domane, em carbono // Peso: 8,38 kg (no tamanho de quadro 58) // Preço: 9.799 euros

Site oficial:

Todas as fotos (clica/toca para aumentar):

Pormenores (clica/toca para aumentar):

Neste teste:

  • Texto: Nuno Margaça e Jorge D. Lopes
  • Fotos e vídeo: Jorge D. Lopes
  • Rider em ação: Nuno Margaça

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