Às tantas, e mesmo ao fim de algumas semanas connosco, esta Orbea Oiz M Pro TR conseguia surpreender-nos e também nos “ajudava” a sermos apanhados de surpresa… Passamos a explicar: esta suspensão total que a Orbea garante ser para o XC “a sério” é mestre em fazer-nos sentir bem a pedalar em qualquer volta de bicicleta, seja ela a competir, em diversão com amigos ou a treinar sozinho. Não há hipótese, é uma “maravilha” entre as bikes de BTT.

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Há um ou outro ponto a melhorar, de uma forma geral, mas as sensações são tão boas que facilmente deixamos o tempo passar e nem damos conta. Daí dizermos que a bike também ajuda a que sejamos apanhados de surpresa. Exemplo? O dia em que filmámos o vídeo que acompanha esta review…

Tendo sido uma boa companheira de treinos ao fim do dia, naquele dia deixámos-nos andar mais um pouco com ela e nem nos lembrámos que já estava em vigor o horário de inverno… Resultado? Imagens ao “lusco fusco”! Mas vamos ao que interessa…

Quando em carbono com… 1.740 gramas!

Isto no tamanho M, que foi aquele em que andámos. Esta M Pro TR não é a versão mais bem equipada e cara da gama, pois ainda existem duas acima dela, uma com AXS e outra com full XTR. Mas as diferenças são ao nível do equipamento. O quadro é o mesmo em todas.

E é esse quadro em carbono, de uma leveza que se sente perfeitamente, que faz a diferença nest bicicleta, colocando-a ao nível das melhores suspensões totais de XC que já tivemos oportunidade de experimentar. E já foram várias…

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Como referimos anteriormente neste preview, este quadro OMX Carbon tira 250 gramas ao da geração anterior da Oiz. Se lhe juntarmos o amortecedor, fica com 2.080 gramas, o que é notável. Depois, há a geometria e a engenharia.

Ou seja, é engenhosa a forma como a marca usa o chamado Fiberlink para integrar o elemento de amortecimento traseiro num quadro visto ao pormenor e que parece dar atenção a cada pormenor: a cablagem interna, os rolamentos de ligação dos tubos, a estética polida, a guia de corrente no sítio certo, o flat mount de integração dos travões na escora…

É engenhosa a forma como a marca usa o chamado Fiberlink para integrar o elemento de amortecimento traseiro no quadro.

As escoras, por falar nelas, dão um look and feel muito “curto” à bike, algo típico das máquinas de XC de hoje em dia. Têm apenas 430 mm, reduzindo a distância entre eixos. E isto dá a esta Orbea uma versatilidade e um nível de reatividade extra nos trilhos mais técnicos.

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Juntando também a este aspeto um guiador relativamente largo (é o OC MP10 Mountain Performance Carbon, com 760 mm) e um avanço com 8 graus negativos, temos mais controlo no meio das pedras, dos regos, das raízes… Com a suspensão “trancada”, parece uma hardtail: “trepa” tudo, responde muito bem e acelera quando damos uma “sapatada” nos pedais.

Tudo amortecido!

Logo a seguir, se chegar a hora de descer também num trilho técnico com obstáculos do mesmo género, o amortecimento totalmente “destrancado” traz-nos, além de conforto, uma leitura muito certa das irregularidades. Não chegámos a mexer nas suspensões, ficaram de origem, e portaram-se muito bem.

O amortecedor é um Fox DPS Factory 120 mm perfeitamente integrado no sistema de suspensão total da bicicleta, ao passo que à frente está uma Fox 34 Float SC Factory 120 FIT4. Ambas com revestimento Kashima.

Ao falarmos acima de suspensões “trancadas” e “destrancadas”, temos de destacar um sistema muito importante na Orbea Oiz M Pro TR: o SquidLock.

A Orbea recorre aqui a um sistema de bloqueio das suspensões (as duas ao mesmo tempo) de três posições diferentes.

Na posição que está na imagem abaixo, todo o amortecimento está trancado; na posição intermédia há apenas uma percentagem de bloqueio, o que é bastante bom para trilhos técnicos a subir em que precisamos que as suspensões “bombeiem” menos e ainda assim consigam ajudar na transposição de obstáculos.

Na posição mais à frente, o amortecimento está totalmente desbloqueado e no máximo do curso de 120 mm tanto à frente como atrás. Para descer e saltar, basicamente.

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À parte disto, é importante dizer que toda a geometria responde bem ao conceito que temos de XC, em nosso entender, que é aquele que tanto nos coloca numa volta rápida de 30 km ao fim do dia como numa tirada muito maior, ao fim de semana e com amigos, ao longo de 100 km.

O objetivo é regressar com um sorriso na cara, sem contratempos e com o mínimo de dores no corpo, e esta Orbea, tal como várias outras bikes topo de gama que já testámos, ajuda bastante a que consigamos ter estas sensações.

Contudo, esta é uma bicicleta que parece pedir um bike fit na primeira vez que a usamos. Pelo menos da parte de alguém que não tem claramente corpo de ciclista como nós… Sabemos que o bike fit é importante em qualquer bicicleta, tal como sabemos que há bikes que quase o dispensam de tão bem que “assentam” no nosso corpo. Esta “pede” o bike fit, apesar de ao fim de alguns kms as coisas se ajustarem minimamente. Fica a nota.

Um look especial

São vários os fabricantes que nos permitem hoje fazer algo muito interessante: configurar o quadro da nossa bicicleta nova em termos de pintura. A Orbea dá-nos essa hipótese com o programa MyO da Orbea e enviou-nos uma versão cujas cores não existem de série, foi mesmo uma personalização especial.

Esta combinação de azuis é notável (somos suspeitos, pois azul é a nossa cor favorita), com um tom mais escuro e com efeitos gráficos na parte da frente do quadro e na ponta das escoras, junto ao eixo. Um contraste que não deixa ninguém indiferente.

Além da estética, este programa permite ainda alterar alguns componentes na lista de especificações da bicicleta. Neste caso da Orbea Oiz M Pro TR, podemos trocar o selim (um dos elementos que menos nos agrada nesta bike, claramente para substituir a curto prazo…), o tipo de eixo na roda da frente e os travões.

Isto é, por mais 249 euros podemos mandar tirar os Shimano XT M8100 e colocar uns XTR M9100. Vale a pena? Em nosso entender, sim, pois a performance da travagem XTR é fenomenal. Mas se achares que não vale a pena, também concordamos, já que o que estes XT de origem proporcionam é mais do que suficiente para o tipo de uso a dar à bike.

Em relação ao restante equipamento montado nesta Orbea, detalhamos alguns pontos importantes já a seguir, antes da nossa avaliação final. Sentimos “por alto” que o preço da bicicleta é um pouco elevado demais face ao que está presente, mas depois começamos a andar nela e esquecemos logo a ideia. Além de que esta OIZ tem pormenores “deliciosos” e que fazem realmente a diferença no terreno.

Alguns destaques:

Rodas DT Swiss XR-1650

Atenção: estas rodas vieram neste versão, mas não fazem parte da lista de especificações atual da bicicleta. Tê-las pode implicar pagar um valor extra ao que está referido neste artigo…

O que notamos nestas DT Swiss é a habitual boa relação entre desempenho, leveza e preço, no fundo. Aceleram bem nos trilhos técnicos, especialmente a subir. A DT Swiss indica 1.710 gramas no total das duas.

Espigão telescópico

Nesta imagem vemos em primeiro plano o look do cockpit desta Orbea visto de frente, mas em 2º plano está o espigão telescópico proprietário da marca,  o OC2 Carbon com controlo à distância no guiador. Sem problema no funcionamento durante o tempo em que andámos com a bicicleta.

Selim Selle Italia

Não nos adaptámos bem a este modelo, pelo que seria das primeiras coisas a trocar caso a bicicleta fosse nossa. Preferimos modelos um pouco mais curtos e com abertura ao centro.

Pedaleiro 34t

Este Race Face é um dos elementos que mais gostamos no conjunto da transmissão, por assim dizer, ainda para mais acertado com uma guia de corrente. Se o 34t não é demais? Achamos que está adequado para o tipo de bike que é.

A nossa avaliação

Haverá mais a dizer sobre esta “agradável” Orbea Oiz M Pro TR? Muito pouco. Mas fazemos um resumo rápido: trata-se de uma bike de XC pronto para qualquer utilização que llhe queiramos dar dentro desta vertente.

A geometria do quadro obedece às tendência do momento e acerta no que é preciso, todo o “departamento” de amortecimento dá garantias nos trilhos mais atribulados e notamos controlo apurado quando é preciso “puxar” a bicicleta para o rumo que queremos que ela siga.

As sensações que transmite são muito boas e dão vontade de fazer cada vez mais kms.

É verdade que não é a opção mais barata do mercado neste nível de componentes e equipamento, mas as sensações que transmite são muito boas e dão vontade de fazer cada vez mais kms, especialmente se for num ambiente em que as subidas superam as descidas e as rectas em quantidade e qualidade.

Entre a oferta da marca é a melhor (se esquecermos as duas versões que estão acima desta M Pro TR na gama Oiz). E é uma das mais atrativas entre a oferta geral do mercado no que toca a bicicletas de suspensão total de XC, apesar de não ser a melhor pelo mesmo preço. Recomendada!

Pontos mais positivos

  • O modo preocupado, engenhoso e esteticamente apurado como a Orbea “inventou” e concebeu este quadro, que se revela leve e integra perfeitamente o sistema de amortecimento traseiro. Torna a bike muito reativa ao pedal.
  • O programa MyO e a personalização que podemos fazer de um bicicleta Orbea nova. O problema hoje está em encontrar bicicletas em stock. Talvez o novo serviço Orbea Rider Connect possa ajudar…
  • Os muitos pormenores que tornam a Oiz uma bike de XC muito equilibrada.

Pontos a melhorar

  • Na próxima geração, pedimos à marca que baixe um pouco o preço desta versão. Ou que aumente a gama de alguns dos periféricos.
  • O selim selecionado pela marca para esta Oiz não nos agradou. Apenas um “pormenor”, é certo, mas que pode fazer toda a diferença. Fácil de resolver.
  • Pode ser essencial fazer um bike fit para percebermos se devemos alterar alguns componentes que podem complementar a geometria da bicicleta, ao contrário de bicicletas que nos assentam logo à primeira. Um ponto muito subjetivo: o que é assim para um ciclista pode não ser para outro.

Especificações da Orbea Oiz M Pro TR:

  • Quadro: Orbea Oiz Carbon OMX, Fiberlink, Boost, PF BB, UFO2
  • Amortecedor: Fox i-line DPS Factory 120 mm Kashima
  • Suspensão frontal: Fox 34 Float SC Factory 120 FIT4
  • Pedaleiro: Race Face Next-SL 34t
  • Guiaodr: OC MP10 Mountain Performance Carbon, 760 mm
  • Avanço: OC MP20 Mountain Performance, -8º
  • Manípulo: Shimano XT M8100 I-Spec EV
  • Travões: Shimano XT M8100 Hydraulic
  • Cassete: Shimano CS-M8100 10-51t 12x
  • Desviador: Shimano XTR M9100 SGS Shadow Plus
  • Corrente: Shimano M8100
  • Rodas: DT Swiss XR-1650 30 mm
  • Pneus: Maxxis Rekon Race 2.35″ 120 TPI Exo TLR
  • Espigão: OC MC20 Mountain Control Dropper, 31,6 mm, 125 mm
  • Selim: Selle Italia SLR Boost

Site oficial:

Todas as fotos (clica/toca para aumentar):

Galeria de pormenores (clica/toca para aumentar):

Neste teste:

  • Texto: Jorge Lopes
  • Fotos e vídeo: Nuno Granadas e Jorge Lopes
  • Rider: Jorge Lopes

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