Antes de mais, temos de ver bem o vídeo acima, da autoria do nosso colega Rodrigo Vicente, e perceber o que é possível fazer com esta Orbea Urrun, a hardtail elétrica de referência da marca espanhola.

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Andámos muito tempo com ela, conseguimos captar a essência desta bicicleta de trail, e fomos “anotando” os pontos mais positivos e também alguns menos positivos. Este é o nosso teste de longa duração a esta elétrica bastante robusta e divertida, isso é certo.

Algo interessante a mencionar é que testámos o modelo de 2023, que custa 4.308 euros; entretanto, enquanto percorriamos muitos kms com ela (e dávamos uns bons saltos!), surgiu o modelo de 2024, que custa… 4.309 euros. Um euro de diferença no preço, mas praticamente nada de alterações na configuração da bicicleta nesta versão Urrun 10.

Orbea Urrun 10 | GoRide

A exceção são as rodas e os pneus. Andámos com umas belas Race Face AR 30c, em alumínio, revestidas por uns Maxxis Rekon 2.40″ 3CMaxxTerra Exo+ TLR que tão bem conhecemos de outros modelos.

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No modelo novo, contudo, estão umas rodas de alumínio da Orbea com uns Schwalbe Wicked Will Evo, também 2.40”. Não experimentámos este último conjunto, mas arriscamos dizer que preferimos as Race Face.

Começamos por aí. São umas rodas nada leves, até porque o peso da bicicleta no total ronda os 20 kg (com pedais), mas são muito robustas. Dão-nos a sensação de que aguentam tudo e, na verdade, é assim que tem de ser, pois o destino desta hardtail são os trilhos mais “duros”, a pedra mais solta…

Ora, 20 kg da bicicleta podem juntar-se a 80 kg do rider e depressa as rodas têm de suportar “abusos” nos trilhos com 100 kg em cima, literalmente. E este par aguenta-se muito bem. Preferes mais leves? O que não falta no mercado são opções para upgrade a marcar menos na balança, mas não recomendamos que instales rodas de carbono nesta Orbea Urrun 10. A menos que o uso a dar-lhe seja o mais simples que há…

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Quadro em alumínio

O alumínio é também a base da construção do quadro desta Orbea. Mas a marca esforçou-se desde logo para “disfarçar” bem as soldaduras, as uniões, e o resultado é uma estrutura muito bem polida e acabada, juntamente com uma pintura muito apelativa. Surpreende pela positiva, e note-se que decidiram nada mudar para a edição de 2024… A garantia do quadro é vitalícia.

E há mais “pormenores” a ter em conta, sendo um deles o modo como os engenheiros espanhóis “arrumam” todos os cabos que estão nesta bicicleta. Relembramos que é uma elétrica, pelo que também há cablagem vinda do motor e da bateria. E está tudo integrado.

Todos os cabos passam por dentro do guiador OC Mountain Control MC31 de 800 mm (a OC é uma sub-marca da Orbea para os periféricos): o cabo do display e do comando que controla o sistema elétrico passa por dentro do guiador em si, ao passo que os restantes cabos, vindos dos travões, da transmissão e do espigão telescópico, “trabalham” com integração no avanço.

Por falar nisso, é um facto que o espigão telescópico vem de origem, pois é algo imprescindível neste tipo de bicicleta destinado ao trail. A transmissão já lá vamos e os travões são Magura, mais concretamente os MT5.

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E aqui está um dos pontos menos positivos da Urrun 10, pois não nos agradaram particularmente as prestações deste sistema de travagem (demasiado esponjoso e a não conseguir parar a bicicleta nos timings certos quando precisámos…).

Motor e bateria

Como seria de esperar, esta Urrun 10 conta com um motor Shimano EP8 devidamente otimizado com base no sistema RS (Rider Synergy), uma “afinação” desenvolvida pela Shimano em parceria com a Orbea.

No sistema RS, a Orbea modifica o firmware do motor para otimizar a assistência à pedalada, proporcionando, referem, qualquer coisa como um apoio eficaz entre as 75 e as 95 pedaladas por minuto, “a cadência em que o corpo humano pedala de forma mais eficiente em termos biomecânicos”.

Este sistema, tal como na Orbea Rise, é compatível com o Shimano e-Tube Project e com a RS Tool Box, que permite acompanhar os nossos dados em dispositivos Garmin.

Na prática, gostámos do que este motor é capaz de fazer, juntamente com uma unidade de controlo minimalista e que apenas serve para mudar o modo de condução. O botão para ligar e desligar é no quadro junto ao pedaleiro.

Pouco a dizer sobre o propulsor, pois já é sobejamente conhecido doutros modelos. Quanto à bateria, uma unidade de 540 Wh, foi sendo suficiente para praticamente todas as voltas que demos, mesmo aquelas mais próximas do XC, em jeito de passeio. Para curtir na montanha em trilhos mais trail, aí então é mais do que suficiente, a autonomia.

Basicamente, tivesse sido à beira mar ou na floresta, foi sempre um prazer usar o motor elétrico para subir e depois aproveitar a robustez e o peso da bicicleta para descer os trilhos técnicos e as pistas bastante divertidas que são normalmente o “palco” dos nossos testes…

Refira-se que está à venda em separado um Range Extender de 252 Wh, que é montado na grade do bidon, e que faz com que a unidade de energia chegue aos 792 Wh. Pode ser um bom investimento, pois esta Urrun 10 é versátil e pode ser adquirida tendo em conta várias utilizações diferentes…

No guiador, à esquerda, o pequeno controlo permite alternar entre os modos de condução assistidos; e mais ao centro está uma unidade de controlo com um ecrã muito comedido, que mostra a autonomia, a velocidade instantânea e o modo selecionado a cada momento.

É a unidade SC-EM800 e faz algo extra que é muito bem feito: permite ligação direta (por Bluetooth) ao smartphone e à app Shimano E-Tube, que nos deixa depois fazer um diagnóstico corrente do motor, do sistema elétrico, ao mesmo tempo que serve para fazer alguns ajustes ao que o motor vai debitando, por exemplo.

Boa resposta ‘amortecida’

Esta Orbea Urrun 10 é uma hardtail, bem sabemos, e o quadro em alumínio, como é bastante robusto e “seco”, pouco ou nada amortece no sector traseiro, nem mesmo com a ação das rodas, também pensadas para “aguentar” os embates do terreno.

Mas à frente, contudo, a suspensão vai fazendo bem o seu trabalho. É uma Fox 34 Float Performance de 120 mm (Grip 3-Position QR15x110, sistema otimizado para e-bikes) e, mesmo não sendo a mais evoluída da gama, está adequada ao preço que é pedido pela bicicleta e também ao que é suposto fazer com ela nos trilhos.

A leitura do terreno é boa e, quando o amortecimento frontal mais é solicitado, o curso raramente esgota e, em contrapartida, não torna a condução da bicicleta desconfortável. Pode carecer de um ajuste ou afinação mais atento (e ao nosso gosto) caso os nossos percursos habituais estejam repletos de saltos, por exemplo.

Por fim, e em jeito de conclusão, falta-nos falar de algo importante: a transmissão. Apesar de ser uma elétrica para a montanha, a relação de velocidades selecionada para este modelo não destoa muito do que estamos habituados a ver em BTTs de XC desta nova geração, e especialmente neste modelos trail pensados para usos mais diversificados.

O prato no pedaleiro é apenas um 32t, está adequado ao tipo de bicicleta que esta Orbea Urrun é; de resto, encontramos por aqui um sistema Shimano que funciona à base de um desviador XT (manípulo XT, também, naturalmente) e de uma cassete SLX, mais pesada que uma XT ou XTR, mas igualmente com 12x e relação 10-51t.

Também aqui o material é “tipo tanque”, preparado para os trilhos mais exigentes e com uma fiabilidade que já conhecemos de muitas outras bicicletas que temos andado ao longo deste ano. Só mesmo ao fim de algum tempo e de várias peripéricas (como embates do desviador, por exemplo) é que o conjunto começará a desafinar.

Isto foi algo que nos aconteceu apenas uma vez devido a uma queda num salto mal calculado, mas foi algo também que uma ida ao afinador de transmissões resolveu facilmente. E as mudanças voltaram a entrar certinhas de novo, sem problema. O que lamentamos efetivamente é que na travagem não esteja também um sistema Shimano XT, como já referimos…

Ficha técnica da Orbea Urrun 10 2023:

Quadro: Orbea Urrun, Shimano Steps, Integrated battery, Hydroformed Alloy 6061 series Internal Cable Routing // Suspensão frontal: Fox 34 Float Performance 120 mm Grip 3-Position QR15x110 E-Bike Optimized // Transmissão: Shimano XT 12x (manípulo XT, cassete Shimano SLX CS-M7100 10/51t, cranques Shimano Steps EM600 e prato Alloy EP8 32t) // Travões: Magura MT5 E-STOP // Rodas: Race Face AR 30c Tubeless Ready // Pneus: Maxxis Rekon 2.40″ 120 TPI 3CMaxxTerra Exo+ TLR // Guiador: OC Mountain Control MC31, Rise20 // Avanço: Alloy forged, 35mm interface, -6º, ICR // Espigão: OC Mountain Control MC20, 31.6mm, Dropper // Selim: Selle Royal Vivo 145 x 269 mm// Peso: 20,2 kg // Preço: 4.309 euros

Site oficial:

Todas as fotos (clica/toca para aumentar):

Pormenores (clica/toca para aumentar):

Neste teste:

  • Texto e testes: Rodrigo Vicente e Jorge D. Lopes
  • Fotos: Rodrigo Vicente e Nuno Granadas
  • Vídeos: Rodrigo Vicente e Jorge D. Lopes
  • Riders em ação: Rodrigo Vicente e Jorge D. Lopes

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