Que a Mondraker F-Podium é uma verdadeira “bomba” de XC, já nós sabíamos. Mas ainda não tínhamos experienciado os “ajustes” que a marca espanhola fez a esta sua bicicleta de suspensão total nesta geração de 2024…

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E essas melhorias fazem toda a diferença: basta olhar para a versão RR, a que temos aqui em teste, para percebermos que este modelo está mais “afinado” a vários níveis. Não é só uma questão de “beleza”!

Parece efetivamente que a Mondraker F-Podium foi analisada pormenor a pormenor pelos engenheiros do fabricante, que depois otimizaram tudo. O quadro está mais leve e mais slim, a integração do guiador está melhor, o sistema de suspensão total Zero foi revisto e está mais compacto, a geometria está mais “aberta”…

E assim as sensações que temos aos comandos da bicicleta mudam nesta geração. Para melhor, sim. Relembramos que o ADN da Mondraker vem muito do downhill, algo que está bem patente em todos os seus modelos. Daí até vem um pouco das virtudes da já referida tecnologia Zero Supension System na estrutura da suspensão traseira.

Mas a história da Mondraker vai mais atrás, vai à paixão do dono da marca. Um ex-atleta de downhill que transfere para todas as suas bicicletas essa paixão. Algo bem vincado em cada modelo, seja ele para downhill, enduro, XC e agora também no gravel e na mobilidade ao estilo SUV, quase.

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Neste caso, a Mondraker F-Podium, aqui na versão RR, pretende chegar ao público que deseja ter uma bicicleta bastante exclusiva e que efetivamente faz com que todos os elementos do nosso grupo de voltas sintam curiosidade sobre o que está diferente nas Mondraker de suspensão total…

Nesta versão, além do sistema de suspensão traseira, há uma bela conjugação de cores nos quadros e detalhes que tornam a bicicleta muito interessante ao nível da estética e também da geometria. Mas passemos desde já á performance da “máquina”.

A F-Podium RR nos trilhos…

Dinamicamente, adorámos esta bicicleta de suspensão total. O sistema Zero funciona muito bem na leitura de cada situação, todo o conjunto flui excecionalmente pelos trilhos mais técnicos. Nalguns drops notamos que há segurança e estabilidade, e o feeling é de constante contacto harmonioso com o solo.

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Na prática, isto significa que o feedback que nos é dado pela F-Podium RR é bom e pode ser fruto, em parte, de um centro de gravidade bastante baixo, de um manuseamento equilibrado e de uma sensação de confiança a descer. Até quem tem menos experiência poderá sentir índices de confiança redobrados.

Zero Suspension System

Zero é o nome do sistema de suspensão patenteado pela Mondraker e que está presente em praticamente todas as bicicleta de suspensão total da marca. Em termos de conceito, é um sistema de suspensão de pivô virtual com um duplo link.

Ou seja, é como se o amortecedor “flutuasse” entre os dois elos da suspensão, comprimido em ambas as extremidades. Este conceito torna a suspensão traseira muito flexível em qualquer situação, desde os pequenos solavancos até à necessidade de amortecer grandes impactos.

Parece-nos ser uma bicicleta capaz de enfrentar qualquer circuito e percurso técnico de BTT. Estamos perante uma boa “trepadora”, mas confessamos que ficamos com a sensação de que é a descer que a F-Podium se sente melhor, mais uma vez.

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Talvez por causa do amortecimento, que está em bom plano. A suspensão frontal Fox 34 Step Cast Evol Factory Kashima de 120 mm apresenta o comportamento que já conhecemos, assumindo as “despesas” quando é preciso.

Por seu turno, o amortecedor traseiro, de 110 mm, que é o Fox Float Sl Factory Kashima SV Evol, também aproveita bem os três modos de ajuste/bloqueio (acionados no comando no guiador, de punho, à esquerda). Nada a assinalar neste ponto.

No entanto, devemos dizer que esta não é a bicicleta mais leve do seu segmento e/ou patamar de preço. Tem 11,5 kg, aproximadamente, apesar de termos na prática um feeling de leveza tanto a rolar como a subir. Talvez devido à geometria bastante “descontraída”, que por vezes até nos faz olhar para esta F-Podium como um modelo de downcountry.

Para tal também contribui o cockpit da F-Podium, com destaque para a forma engenhosa como os cabos da suspensão e dos travões entram logo no quadro junto à caixa de direção. O guiador Onoff Helium Carbon com 760 mm é “agradável” e o espigão telescópico é um ponto a favor, também.

Bem equipada

Descrita a performance em geral, gostamos sempre de deixar umas notas relativamente ao material, que é aquilo que faz com que umas versões sejam mais caras que outras, que estejam melhor equipadas que outras.

Resumidamente, a transmissão “vence” por ter um eficaz desviador Sram X01. Não é eletrónico, o que é pena tendo em conta o preço. É a versão a seguir na gama, a F-podium RR SL, que tem o grupo XX SL Eagle AXS, mas custa 10.999 euros…

O prato no pedaleiro tem 34 dentes, é adequado, e a cassete 10-52t de 12x tem o “desdobramento” que já conhecemos da Sram. Já os travões Sram Level Bronze apresentam com um tacto muito superior quando comparados com os conjuntos de travagem da Sram de há um par de anos… Menos fadiga, pressão mais homogénea.

Destacamos as rodas que estão aqui presentes de série, que são as novas rodas de carbono da Mavic, as Crossmax Carbon XL R 29. Que boa surpresa! Este par de rodas encarece esta versão RR, é certo, mas valem cada euro a mais. Os pneus cumprem a sua função, são os habitualmente bem comportados Maxxis Rekon Race de 2.4”. Se a bicicleta fosse nossa levaria 2.2” atrás…

O testemunho de Rodrigo Gomes

Enquanto experimentávamos esta Mondraker encontrámos por aí Rodrigo Gomes, um atleta português bastante conhecido nos trilhos, campeão nacional de XCM na época passada e com um “currículo” invejável no BTT.

O Rodrigo anda este ano com uma Mondraker F-Podium desta geração. E, apesar de a bicicleta que tem estar já bastante alterada ao nível de periféricos e componentes, a impressão que está a ter é bastante positiva.

“A Mondraker F-Podium está a revelar-se uma suspensão total diferente de todas as que já usei graças ao sistema de suspensão Zero. Este sistema torna a pedalada estável, mas ao mesmo tempo super sensível face a todas as irregularidades do terreno”, afirma Rodrigo.

“A geometria e os 120 mm de curso na frente (e 110 mm atrás) fazem desta Mondraker uma bicicleta perfeita para os trilhos mais técnicos, mas também uma bicicleta muito ágil para as subidas, pois o triângulo traseiro torna-se rígido q.b. quando é preciso. Em suma, uma bicicleta muito divertida a descer e com alta performance a subir”.

Somos obrigados a concordar. Não é a bicicleta de suspensão total perfeita, até porque é ligeiramente mais cara do que deveria ser, a nosso ver, mas dá gosto andar nela. E, quando assim é, a diversão é ainda maior. Vejamos depois o que a Mondraker conseguirá melhorar na próxima geração.

Ficha técnica da Mondraker F-Podium RR:

Quadro: F-Podium 29 Stealth Air Full Carbon / Suspensão frontal: Fox 34 Step Cast Float FIT4 EVOL Factory Kashima, 120 mm / Amortecedor: Fox Float SL Factory Kashima SV EVOL, 165 x 45 mm / Avanço: MDK, 6061 T6 Alloy, 31.8 mm / Guiador: Onoff Helium Carbon 0.2, 760 mm / Espigão telescópico: Onoff Pija / Selim: Fizik Vento Argo X5 / Travões: Sram Level Bronze 2P Stealth (disco 160 e 180 mm, atrás e à frente) / Rodas: Mavic CrossMax Carbon XL R, 29 Boost 30 mm / Pneus: Maxxis Rekon Race 29×2.4 / Cranques e pedaleiro: Sram X1 Carbon Eagle, 34t / Transmissão: Sram X01 Eagle 12x (cassete Sram XG-1275, 10-52t) / Peso: 11,5 kg / Preço: 6.899 euros

Pormenores:

Galeria de fotos:

Mais info:

Neste teste:

  • Texto e teste: Nuno Margaça
  • Rider nas imagens: Nuno Margaça
  • Fotos e vídeo: Jorge D. Lopes

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