Há bicicletas que, mesmo não sendo as mais bem equipadas do seu segmento, fazem com que nos apaixonemos por elas. Foi o que nos aconteceu com esta Beeq S950 Carbon, a elétrica de montanha que esta marca portuguesa tem em destaque no seu catálogo.

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E é com esta surpreendente e-BTT que também testamos pela primeira vez uma nova estrutura dos nossos artigos de teste com vídeoreview, um formato criado a partir do feedback dos nossos leitores: primeiro o veredicto, a informação técnica e os pontos de que mais e menos gostamos; e depois a restante crónica de review. Esperamos que gostem!

A nossa avaliação…

Mesmo não trazendo material de alta gama em toda a sua extensão, esta Beeq S950 Carbon mostra-se com um quadro em carbono equilibrado e que transmite sensações muito boas a quem a quer levar para a montanha para saltar e descer rápido.

O amortecimento é um ponto a favor, com cursos de 140 mm, bem como o binómio motor-bateria. E o preço, porventura o mais baixo do seu segmento, faz dela um bom negócio, deixando “margem” para alguns upgrades que possam ser necessários a médio prazo. Recomendada!

O que mais nos agrada…
  • A suspensão frontal e o amortecimento traseiro, com 140 mm de curso.
  • O quadro full carbon, que, numa combinação mullet, se mostra equilibrado a descer depressa e a saltar. Permite “abusar” na montanha.
  • O motor de 90 Nm e a bateria de 630 Wh.
O que menos nos agrada…
  • Para poupar no valor final pedido pela bicicleta, a Beeq colocou aqui um ou outro componente de entrada de gama, nomedamente a transmissão.
  • As rodas em alumínio são resistentes, mas podem ser o primeiro ou segundo ponto a merecer um eventual upgrade.
  • Mesmo neste segmento das elétricas full power, um peso a rondar os 26 kg que aqui vemos poderá ser um pouco demasiado…
Especificações (https://pt.beeq-bicycles.com)
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  • Motor: Brose Drive S Mag Horizontal 90 Nm
  • Bateria: 630 Wh 36v integrada no tubo inferior, removível
  • Autonomia anunciada: 40 a 100 km
  • Ecrã: Brose Remote
  • Guiador: FSA Grid AL 800 mm
  • Avanço: FSA Grid 50 mm
  • Punhos: ERGON GA30
  • Quadro: MTB FS Full Carbon 140 mm
  • Suspensão frontal: Rockshox Pike Select 140 mm
  • Amortecedor: Rockshox Deluxe Select+ 140 mm
  • Rodas: alumínio configuração mullet (29” + 27,5”)
  • Pneus: Schwalbe Eddy Current 27,5”x2,6” / 29”x2,4”
  • Travões Magura MT7 (discos 203 mm)
  • Desviador: Sram NX Eagle 12x
  • Cassete: Sram PG1210 Eagle 12x 11-50t
  • Manípulo: Sram NX Eagle 12x
  • Pedaleiro: Miranda ChainFlow 3D BCD104 38t
  • Corrente: Sram SX Eagle 12x
  • Luz frontal: Litemove SE-110
  • Selim: Selle San Marco GND
  • Espigão: KindShock Dropper Post Lev Integra 150 mm
  • Pedais: M-Wave A10 Flat com refletores
  • Peso: 26 kg
  • Preço: 3.699 euros
Review completa

É muito fácil explicarmos por que razões ficámos enamorados pela Beeq S950 Carbon que a marca nos emprestou para testes nos tamanhos M e L: esta elétrica de montanha, destinado à prática do trail e até mesmo de enduro, transmite excelentes sensações assim que lhe pegamos pela primeira vez…

Diga-se que um dos principais “culpados” disso mesmo é o motor que a marca portuguesa escolheu para equipar na S950 Carbon: o Brose Drive S de 90 Nm (versão Mag), que não se nega a nada!

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É verdade que é uma unidade pesada, a rondar os 2.900 gramas, e isso ajuda a que o peso da bicicleta suba aos 26 kg, e que também não é o menos ruidoso que já vimos… Mas é uma “bomba”, com apoio à pedalada de até 410% no modo mais poderoso.

O motor Brose Drive S na versão Mag pode auxiliar a pedalada em até 410%!

Esse modo é também aquele que gasta mais energia da bateria também da Brose, instalada no tubo inferior do (removível), mas é sempre bom poder contar com uma unidade de elevada capacidade como esta, com 630 Wh.

Então, dependendo de muitos fatores, a bateria irá durar 40 a 100 km, refere a marca; nós preferimos dizer que a bateria pode chegar a uma tarde de aventura na montanha. E esses fatores são distintos: o peso do rider, a quantidade de subidas que fazemos antes de começarmos a descer e a saltar…

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Mas há um que é determinante: o tempo que passamos com o modo de condução mais poderoso ativado, pois é ele que consome mais energia e faz com que a autonomia “desapareça” mais depressa. Mas também é o mais divertido e aquele que nos dá o boost certo antes de cada salto.

Este é o feedback dos nossos dois riders de serviço com estas Beeq S950 Carbon, que, como podemos ver pelos vídeos, são capazes de grandes feitos nos trilhos mais exigentes e até em pistas de downhill e em ambiente de bike park na floresta. Incrível desempenho e incrível a diversão!

Ainda em relação ao sistema elétrico, refira-se que a seleção do modo e o ativar do motor acontece atráves de um controlo muito compacto e simples no lado esquerdo do guiador, sem recurso aqui à unidade de controlo/ecrã que é possível comprar para este conjunto Brose.

Contudo, há uma app para instalar no smartphone, a Brose App, que permite fazer alguns ajustes a definições, algo “ligeiro”, e que faz a monitorização de informação referente ao uso da bicicleta. Velocidade, distâncias, energia, etc.

Quadro em carbono Beeq

Em paralelo, é impossível falar assim do sistema elétrico sem falar também do que o “envolve”: o quadro. Carbono e construção made in Portugal, pela Beeq, e uma estrutura equilibrada e que se aguenta perfeitamente nos “abusos” nos trilhos, pelo que pudemos verificar.

BEEQ E-BIKES | S950 FULL SUSPENSION CARBON | MOUNTAIN E-BIKES
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O design e engenharia do triângulo traseiro funcionam, não sentimos que a bicicleta seja demasiado volumosa debaixo de nós, e a opção mullet é acertada, com roda de 29” à frente e de 27,5” atrás. Isto significa mais controlo na frente e mais agilidade no eixo traseiro, na prática.

O sistema de suspensão traseira coloca o amortecedor ao alto, como conhecemos de outros modelos, e aqui não temos razão de queixa até porque a unidade Rockshox instalada, o Pike Select de 140 mm, dá bem conta do recado neste tipo de utilização.

O amortecimento de 140 mm é algo que ‘perdoa’ alguns ‘erros de cálculo’ a saltar e quando a descer trilhos de pedra solta um pouco mais depressa…

Passando para a secção frontal, as sensações são equivalente ao nível do amortecimento: a suspensão Rockshox Deluxe Select+, também com 140 mm, absorve convenientemente o que lhe aparece ao caminho, e reage bem tanto na “chamada” como na receção dos saltos. Boa surpresa.

Mais acima, é importante o guiador ter 800 mm de largura, neste caso um FSA Grid em alumínio, como mandam as “regras” neste segmento, pois poucos são os que arriscam preferir um periférico de carbono nestas funções… Avanço curto, mais controlo, aqui não é preciso mexer mais.

Grupo Sram NX

Onde pode ser preciso mexer, no entanto, é na transmissão, visto que esta Beeq tem a gama NX no desviador e no manípulo, algo que não agrada a alguns riders. Fica já aqui o desafio à Beeq para a próxima geração da S950: subir um patamar na transmissão Sram, nem que seja apenas para um grupo GX.

Durante os nossos testes, a transmissão nunca falhou, é um facto. Mas, por nossa experiência anterior com componentes Sram NX e SX como os que estão na S950, ao longo do tempo o conjunto vai começar a desafinar e a dificultar um pouco a passagem de mudanças quando metemos mais “carga”. Já para nem falar quando há lama em abundância…

Por outro lado, o pedaleiro com prato Miranda 38t e a cassete Sram 11-50t de 12x são escolhas acertadas para os terrenos e usos a que se destina uma bicicleta com estas características.

Quanto à travagem, a cargo de um conjunto Magura MT7, cumpre a missão na maior parte das vezes, com uns sempre importantes discos com 203 mm. Preferimos Shimano nos travões, confessamos, mas não nos podemos queixar de mau desempenho neste caso.

Periféricos à altura

Por perto andam, também, alguns itens de que gostamos e que acabam por ser importantes numa e-bike deste género. O primeiro a referir é o indispensável espigão telescópico, que aqui é um KindShock Dropper Post Lev Integra com 150 mm. Funciona como é suposto.

O espigão telescópico com 150 mm de cursos é algo essencial no uso que se dá a esta Beeq S950 Carbon…

E depois há uma interessante luz à frente, a Litemove SE-110 de 110 lux, e um selim Selle San Marco GND que não compromete. Os pedais que vêm de origem é algo a trocar lá mais para a frente, certamente.

Por fim, falemos um pouco das rodas em alumínio de construção Beeq que encontramos nesta S950 Carbon. E aqui temos mixed feelings… São um pouco pesadas e ajudam a elevar o peso total do conjunto, sim. Podem ser propícias a que os praticantes de e-trail queiram trocá-las por um par em carbono…

Por outro lado, são resistentes e estão bem equilibradas dentro do conjunto que é esta elétrica da Beeq, em configuração mullet, como já referimos. Basta olhar para o “tratamento” que podemos ver nos vídeos que estas bicicletas levaram na montanha recentemente…

Podem gerar o desejo de upgrade, verdade, mas uma inspeção após cada tarde de diversão nos trilhos nada foi revelando, estas rodas de 30 e 35 mm permanecem impecáveis, tirando um ou outro risco causado por pedra solta ou ramos de arbustos.

E os pneus Schwalbe Eddy Current (2,6” atrás de 2,4” à frente) que vêm montados de origem irão cumprir a missão sem grandes “desaires” e sem grandes surpresas.

Em conclusão…

Gostámos muito da Beeq S950 Carbon, e há um fator que se destaca: o preço. Além disso, e na prática, a bicicleta salta, acelera, transpõe obstáculos com facilidade graças a um motor competente. Transmite boas sensações mesmo quando os trilhos complicam, o que faz com que a diversão seja constante.

Mas para manter o preço convidativo é sempre preciso fazer algumas concessões, e aqui elas são bem notórias, pois sente-se que alguns componentes, aqueles que já referimos, poderiam estar um pouco mais acima na gama, para dar mais fiabilidade ao conjunto.

Recomendamos a Beeq S950 Carbon, sem dúvida. Por tudo o que já enumerámos e experimentámos no terreno com sucesso, e também porque este é um daqueles casos em que “é nacional, é bom”, é certo.


Equipa GoRide responsável pelo teste:
» Texto e teste: Jorge Lopes e Nuno Margaça
Riders nas imagens: Cristiano Fernandes e André Gralha
Fotos e captação de vídeo: Rodrigo Vicente
Edição de vídeo: Rui Rodrigues

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