Remco Evenepoel conquistou a medalha de ouro de ciclismo de estrada na corrida de fundo dos Jogos Olímpicos Paris-2024, somando este título ao de contrarrelógio ganho uma semana antes e tornou-se o primeiro de sempre a fazê-lo na mesma competição.

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Apesar de um furo a quatro quilómetros que implicou a substituição da bicicleta, o belga, de 24 anos, foi o primeiro a cortar a meta no Trocadéro e sucedeu ao equatoriano Richard Carapaz como campeão olímpico de fundo, oito anos depois do seu compatriota Greg Van Avermaet, no Rio-1996, o primeiro ciclista da Bélgica a ganhar a medalha de ouro após os corredores profissionais terem sido autorizados a competir nos Jogos (Atlanta-1996).

Evenepoel atacou a partir do pelotão a 38 quilómetros da meta, já dentro do duro circuito final na capital parisiense, os derradeiros 70 da prova de 272,1 totais, que incluía a ascensão em piso empedrado à Basílica de Sacré Coeur de Montmartre, fazendo a transição para o grupo que seguia na frente da corrida e rapidamente o selecionou até à expressão mínima, de apenas um adversário.

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Foi este, o francês Valentin Madouas, que se limitou a resistir, o quanto pôde, na roda do campeão do mundo de fundo de 2022, que, sozinho, dilatou paulatinamente a vantagem para os principais rivais, que seguiam em grupos secundários. Entre estes, um dos maiores candidatos, o neerlandês Mathieu van der Poel, que chegou a atacar e a isolar-se para tentar ainda discutir a vitória, mas não foi capaz.

Então, a 15 quilómetros do final, ainda antes da terceira e última subida a Montmartre, a mais difícil do percurso urbano traçado naquele célebre bairro de Paris, Remco Evenepoel, campeão mundial de contrarrelógio em 2023, acelerou e livrou-se, em definitivo, de Valentin Madouas, partindo isolado para espetacular vitória, após seis horas e 20 minutos de corrida.

A acrescentar à emoção e ao dramatismo do acontecimento, Remco Evenepoel não evitou um furo a quatro quilómetros a meta, que o forçou a trocar de bicicleta, mas nem isso o impediu de entrar na história do ciclismo e dos Jogos Olímpicos. Apesar do percalço, o corredor da equipa Soudal-Quick-Step, terceiro classificado do recente Tour de França, cortou a meta com 1.11 minutos de vantagem sobre Madouas. O francês, esforçadíssimo, conquistou a medalha de prata, resistindo com estoicismo à perseguição de um pequeno grupo de sete corredores que discutiu, ao sprint, a medalha de bronze, e no qual o mais rápido foi outro francês, Christophe Laporte, com mais 1.16 minutos do que o novo campeão olímpico.

«Ganhar esta corrida e ser o primeiro a conseguir a dobradinha é histórico», declarou Evenepoel após a corrida, cujo momento decisivo explicou: «Não tinha a certeza se conseguiria deixar para trás Madouas. Mas senti as suas pernas a ficarem vazias e o local era favorável a podê-lo atacar e depois ganhar-lhe tempo. A partir desse momento, foi apenas uma questão de rolar forte até ao fim», o novo bicampeão olímpico, apesar de ter tido um furo nos últimos quatro quilómetros. «Foi extremamente stressante, admito. De repente, senti como se um pneu furasse e tive de o trocar o mais rapidamente possível e não estavam prontos no carro para o fazer. Felizmente tinha tempo suficiente de vantagem e correu tudo bem», concluiu.

Os portugueses terminaram em posições secundárias: Nelson Oliveira na 33.ª e Rui Costa, que foi vítima de furo nos últimos 40 quilómetros, numa fase decisiva da prova, na posição 46.

Favorito a juntar o título olímpico ao mundial (de 2023), Mathieu van der Poel terminou (apenas) na 12.ª posição, enquanto o seu arquirrival e igualmente candidato ao triunfo, o belga Wout van Aert, ainda terminou mais abaixo na classificação, a 37.ª, a longíssimos 3.47 minutos do compatriota e consagrado a ouro, Remco Evenepoel.

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