No dia 29 de setembro de 2013, Rui Costa conquistou a vitória que marcaria para sempre a sua carreira: a conquista do Mundial de fundo, em Florença, Itália.

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Foi há dez anos, numa tarde chuvosa na majestosa cidade toscana, que o corredor da Póvoa de Varzim bateu ao sprint o explosivo espanhol Joaquim ‘Purito’ Rodriguez, depois de o alcançar a cerca de 500 metros da linha de meta na sequência de um esforço titânico, mas também de uma inteligência competitiva extraordinária.

Rui Costa, então com 26 anos, tinha deixado para trás os ilustres parceiros no grupo perseguidor, o espanhol Alejandro Valverde e o italiano Vincenzo Nibali, enganando-os bem com um movimento astuto, e partiu isolado à procura de ‘Purito’ Rodríguez, que liderava, também a solo, a corrida.

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“Soube arrancar no momento certo, mesmo antes de uma sequência de curvas. Entrei rápido e no limite. Ganhei esse espaço e não olhei mais para trás”, recorda Rui Costa, em declarações à Rádio Renascença (RR).

Apanhado o experiente trepador catalão, este olhou para trás, depois tentou prender a atenção de Rui Costa, dirigiu-lhes algumas palavras, o objetivo foi destabilizar o português. Mas este manteve-se concentrado, olhos postos na linha de meta.

“Tentou meter um bocado de pressão. Eu nem dizia nada, nem sequer ouvia nada. Só olhava para a frente. Estava a tentar recuperar para ver o que ele poderia fazer”, lembra Rui Costa, que esperou o momento certo para lançar o sprint, a menos de 200 metros, antecipando-se do adversário, e arrancou irresistível para o triunfo e para vestir a tão desejada camisola arco-íris, que envergou em toda a temporada seguinte (2014).

Foi um sonho realizado, muitas horas a tentar interiorizar a vitória. Dormi com a camisola de campeão do mundo ao meu lado. Não esperava, foi o culminar de esforços de uma vida e, no fundo, acaba por ser a vitória mais importante que tive na carreira”, afirma o ciclista luso em declarações reproduzidas pela RR.

“Foi realmente um ano de ouro”, recorda Rui Costa, que na altura da corrida mundialista já era um corredor consagrado no pelotão internacional, depois de vencer duas edições consecutivas da Volta à Suíça (ganharia mais uma em 2014) e ainda três etapas na Volta a França (duas nesse ano de 2013 e uma antes, em 2011). “Depois de todas essas conquistas, o Mundial era mais uma prova”. O português voltou a triunfar numa etapa de uma Grande Volta já este ano, na Vuelta, ao serviço da equipa Intermarché-Circus-Wanty.

“Mudou a mentalidade dos ciclistas portugueses. Demonstrou a todos os jovens que o ciclista português pode e deve ter a ambição de vencer. Não se deve conformar a ir para o estrangeiro para trabalhar para os outros. E o Mundial foi esse ponto de viragem”, afirma o presidente da Federação Portuguesa de Ciclismo, Delmino Pereira, à referida rádio.


Imagens: Intermarché Wanty Twitter

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