O Douro Granfondo 2022 decorreu sob auspício de um primeiro dia de verão desta primavera que, à data da realização do evento (8 de maio), ainda ia a meio. Quente, muito quente, a temperatura do ar, talvez excessiva para pedalar 156 quilómetros com quase 3.000 metros de desnível de altitude acumulado.

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Dureza, pois, a que se impunha aos participantes, pelo percurso de sobe e desce interrupto, o ritmo ‘inflacionadíssimo’ nestes tempos que correm pelo elevado nível médio dos ciclistas, amadores cada vez mais semiprofissionais, e por todos estes calores, um adicional provocado pelas condições climatéricas estivais.

Nada que tenha depreciado o brilhantismo do evento, considerado, com justiça, o mais prestigiado dos Granfondo portugueses – que são muitos e quase todos bons.

O elogio ao ‘Douro’ já uma redundância e justifica-se pela feliz conjugação de uma série de condições ótimas: a organização de altíssimo nível, sob responsabilidade da empresa Bike Service, liderada pelo experiente Manuel Zeferino, a adesão superior de participantes e, claro, as características do traçado, em dificuldade (e esta é fundamental aos Granfondo) e beleza paisagística.

Para o GoRide.pt, foi mais uma magnífica experiência, sentimento certamente partilhado com a esmagadora maioria dos milhares que se fizeram à estrada naquela manhã soalheira no Peso da Régua – sempre a base logística do evento, com a partida e a chegada – para mais um grandíssimo desafio à superação física e anímica. E claro, como muitos, também competir.

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Uma enorme reta plana de mais de 20 quilómetros para aquecer os motores – sem precisarem – e em seguida um carrossel pelas encostas do Alto Douro Vinhateiro, embora menos íngremes do que já foram noutras edições do evento.

São João da Pesqueira, a abrir. Traçado em quase tudo igual ao de 2021 (edição com data tardia, em outubro último, devido à pandemia), com o acrescento de uma subida longa na fase final, Tabuaço, antes da ligação, sem dificuldades de relevo, de regresso à Régua, pela marginal do Douro.

De permeio, um incessante “parte-pernas”, entre subidas extensas menos inclinadas e mais curtas, mas mais agressivas, e descidas, algumas extremamente técnicas, como a da Desejosa. Fomos com as referências do percurso da edição recente, com o objetivo de melhorar o desempenho. A preparação de meses, a rodagem de outros dois Granfondo este ano, Aveiro Spring Classic e Torres Vedras-Montejunto.

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Com essa ambição fizemo-nos ao Douro. Mas boas sensações, nem “vê-las”. Ao invés, sofrimento e sacrifício, bastantes. Jornada muito exigente no esforço de mais de cinco horas de pedal, agravado pelo calor e a intensidade acima do recomendado face às condições físicas e climatéricas. Vontade de superar-nos, leva-nos por vezes a exceder-nos… demasiado. E isso tem contrapartidas: uma “fatura” alta.

Felizmente, não foi isso que aconteceu. Saímos do Douro com a alma cheia. Fora a performance, correu tudo na perfeição, sem incidentes ou sequer sustos, um desafio superado com distinção, uma classificação honrosa no escalão de idade, e só sobrando no sofrimento e por um empeno para… recordar.

No final, reafirmou-se a velha máxima de que “já está feito mais um [Granfondo]!”, com o desejo inabalado de voltar em 2023. Com a data já marcada: 7 de maio.

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Entretanto, ainda a temporada vai a meio – e em breve haverá mais… “arroz”.

Mais info: https://dourogranfondo.com


Imagens: Matias Novo e Douro Granfondo

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