Marc Madiot é um dirigente polémico e voltou a tecer comentários acutilantes mais uma vez, em entrevista ao diário francês L’Equipe.

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O histórico chefe da Groupama-FDJ falou sobre a saída de Patrick Lefevere da liderança da Soudal Quick-Step, mas também sobre o estado atual do pelotão profissional, que considera preocupante.

“Sabemos muito bem que em França não temos condições para ser competitivos frente a determinadas equipas”, declarou Madiot durante uma entrevista ao Cyclism’Actu em setembro e quatro meses depois o discurso do francês é o mesmo.

“Pode ser aborrecido, mas hoje caminhamos para 5-6 grupos, já não adianta chamar-lhes “equipas”, que valem 50 milhões [orçamento]. Em França, temos um modelo em que com o patrocinador, se investir dez milhões, espera ganhar um pouco mais de retorno do investimento em imagem, o que é lógico. Mas estes patrocinadores ou estes estados querem ganhar dinheiro como no futebol. Considerando que estávamos mais num modelo de equilíbrio. Isso irá certamente influenciar o futuro”, começou por dizer Madiot sobre as dificuldades das equipas francesas em ombrearem com as congéneres com orçamentos muito mais altos.

“Talvez em breve só haja duas ou três corridas em França. Estamos prontos para isso? Queremos isso?”, questiona Madiot, queixando-se da falta de investimento dos patrocinadores do seu país.

“Vejo o Van der Poel, que chega ao ciclocrosse na Bélgica com o seu Lamborghini, que vai para Besançon num jato privado, que cobra 50 mil euros por corrida… Bom para ele, mas afirmou que o ciclismo está a mudar. Quando vemos que a Red Bull já tem participações em duas equipas [Red Bull-BORA-hansgrohe e Tudor Pro Cycling], que estão em vários clubes de futebol, na Fórmula 1, nos desportos náuticos, em todo o lado… A INEOS, a mesma coisa.

Acredito que entre 2025 e 2026 estaremos a entrar numa grande mudança”, acrescentou Madiot.

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O diretor da Groupama-FDJ está preocupado com a chegada destes novos patrocinadores e com a sua ética. “Ainda tenho dúvidas. Porque estas pessoas vêm com outras experiências, noutros ambientes, desportivos ou económicos, e temo pelo equilíbrio ético do ciclismo, em todas as áreas. Em todas as áreas. Receio que nesta transformação, que é inevitável, já não tenhamos isso em mente, que já não estejamos no reino dos ganhos marginais, na profissionalização excessiva. Não gostaria que aquilo que era doping no passado se chamasse hoje hiperprofissionalização sem que nos apercebêssemos”, analisa Marc Madiot.

“Neste sistema não aceitaremos perder mais. Posso parecer um velho tolo dizer isto, mas é um perigo enorme. Acho que há coisas a fazer, mas quem é que vai liderar a mudança? Esse é o problema. Estamos entre uma zona de progresso e uma zona de risco, uma área cinzenta. Voltemos à história do monóxido de carbono, estamos nisto. Pode ser que não seja doping, mas mesmo assim…” concluiu Marc Madiot.


Crédito da imagem: Groupama-FDJ Twitter 

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