Quando queremos que a bicicleta de BTT fique (consideravelmente) mais leve, qual o primeiro componente que ponderamos trocar? Exato: as rodas. Pensamos de imediato num par mais leve, acima de tudo, de preferência que sejam também robustas e adequadas ao tipo de ciclismo de montanha que praticamos. Olhando para estas novíssimas rodas Bontrager Kovee RSL, estas ideias ficam praticamente concretizadas ainda mal as tirámos da caixa…

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Isto porque estas rodas topo de gama que a Bontrager disponibiliza para bicicletas de BTT são leves, muito leves, tendo em conta o segmento em que se inserem. Antes de falarmos seja do que for, refira-se que a da frente pesa 545 gramas e a de trás 654 gramas, já contando com cepo Sram XD (a marca não disponibiliza de origem cepo Shimano, quem desejar um terá de adquirir em separado). Mas já lá vamos ao peso e a outras características.

Antes disso, um pouco de “história”. Como explicámos aquando do lançamento da nova gama Bontrager Kovee, estas rodas foram “forjadas” em competição. A Bontrager, submarca da Trek, fornece a equipa Trek Factory Racing, pelo que foi possível colocar este modelo a rodar nas provas de XCO da Taça do Mundo da temporada passada.

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Mais concretamente nas Trek Supercaliber e Procaliber de Evie Richards e Jolanda Neff. Do feedback dado pelas prós de umas rodas que já eram boas, saiu a ideia de que deviam ser “mais leves e menos propícias a furos”. A Trek e a Bontrager “foram atrás” do pedido.

Para puro XC apenas?

Saídas das caixas, estas Kovee foram diretas para a nossa hardtail de testes (com transmissão Sram), uma bike tipicamente apontada a um BTT mais à base de estradões rápidos; XC de fim de semana puro, na verdade. E tivemos oportunidade de atestar tudo o que as rodas trazem de diferente e que detalhamos mais à frente neste artigo.

Poucas semanas depois, porque as voltas seguintes seriam de um XC mais técnico, por assim dizer, olhámos para uma Canyon Lux Trail 2022 com transmissão Shimano que nos ia acompanhar nesses momentos, pegámos num cepo Shimano Microspline e a montagem foi tranquila. Juntámos à equação uns pneus 2,40”, tubeless.

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A partir daí, o playground de experiências com estas rodas têm sido single tracks a subir e a descer, pedra solta, subidas técnicas. Tudo o que compõe percursos de XC “exigente”, além de passagens de asfalto, estradões “normais”, etc. Muita floresta, alguma montanha. Curiosamente, muitas vezes com chuva ou com o piso molhado e escorregadio.

Imagem: Trek/Bontrager.

Ora, o fabricante construiu este modelo à luz de diretrizes muito exclusivas. Em primeiro lugar, os aros foram criados com o carbono OCLV da marca e apresentam largura interior de 29 mm, largura exterior de 35 mm e perfil de 22 mm.

Além da matéria-prima, até o perfil mais baixo mostra uma clara tentativa de tirar gramas. Devido às larguras, há mais apoio do pneu e um encaixe mais eficaz do mesmo, o que ajuda a proteger contra furos por entalamento. Isto diz a marca, pois são pontos difíceis de constatar num uso normal.

Felizmente, nunca furámos com elas. Parece-nos, em complemento, que estas larguras são muito adequadas a andar com um pouco menos de pressão do que o normal, o que acaba por ser muito útil em terrenos difíceis, com pedras e outros obstáculos que sabemos que vão trazer problemas. Mais tração, no fundo.

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Os cubos são uns DT Swiss 240s e estão incluídas no pack fitas TLR e válvulas já pré-instaladas, a pensar numa utilização tubeless, naturalmente. Compatibilidade para discos de travão Centerlock, norma Boost 110/148 e 24 raios em cada roda: uns Grand Forza à frente e uns Sapim CX-Ray atrás.

Peso de 1.199 gramas

E agora voltamos à leveza, pois são menos de 1.200 gramas num par de rodas de BTT com 29”. Ao substituirmos as rodas na bike que usámos durante mais tempo, retirámos mais de 1 kg ao total de peso, sendo que ainda instalámos uns pneus mais pesados que os de origem.

Nota-se diferença, especialmente a subir e quando temos de levantar as rodas do chão para dar aquele “jeitinho” para transpor obstáculos, tantos na subidas como nas descidas técnicas.

Por outro lado, e comparando com rodas de alumínio já algo avançadas, por assim dizer, ficamos com outra sensação: estas rodas, “culpa” do carbono, auxiliam a amortecer os impactos e vibrações que nos chegam do terreno ao corpo.

Imagem: Trek/Bontrager.

Ao mesmo tempo, apesar a leveza e da aparente fragilidade, as nossas experiências não registaram qualquer contratempo que não fossem os habituais impactos de pedras e ramos a baterem nos aros e nos raios. Quando escrevemos estas linhas ainda temos as rodas montadas e sem qualquer sinal de cederem ou sofrerem qualquer dano.

Isto significa claramente que, tal como várias outras marcas portuguesas e estrangeiras que sabem fazer rodas com muita qualidade, também a Bontrager está a conseguir construir modelos em carbono que se equiparam à resistência que estamos habituados a ter com o alumínio.

Aquele receio de partirmos uma roda de carbono num trilho mais rochoso, mais “bruto”, num salto ou impacto forte, parece ter desaparecido. Uma sensação que temos com estas Kovee, e que, diga-se em abono da verdade, também temos ao andarmos com rodas topo de gama de outros fabricantes.

Em termos de design, que também conta, tudo é muito sóbrio. Aros negros com o nome da marca em letras muito dissimuladas, acaba por ser a designação do modelo a aparecer mais em destaque.

A nossa avaliação

Não restam dúvidas de que estas dispendiosas rodas de carbono, muito leves, são um upgrade de sonho para qualquer bicicleta de BTT. É quase impossível não nos apaixonarmos pelas melhorias em termos de desempenho e dinâmica que trazem.

Mas tanto elogio não significa que sejam as únicas do mercado a conseguirem gerar estas sensações; aconselhamos sempre a que se consulte todo o mercado, várias marcas e modelos.

Contudo, estas novas rodas Bontrager Kovee não irão nunca deixar desiludido quem tiver possibilidade de as instalar na bicicleta. Além da leveza, o carbono não deixa de fazer com que sejam robustas; são também equilibradas, rolam bem, estão repletas de “detalhes” de topo, dão mais velocidade a cada momento a andar, seja em que trilho for.

Naturalmente, são caras. Só a roda a frente custa o mesmo que uma bicicleta “inteira” que testámos recentemente, enquanto o par custa mais do que muitas bicicletas de BTT já bem “jeitosas”. Daí que estejam nas bicicletas dos prós da competição, e quiçá nas de quem tem mais dinheiro disponível.

São uma opção verdadeiramente de topo, pelo que trazem também performance de topo. E dão confiança extra. Uma aposta mais do que ganha, até porque há garantia vitalícia (para o primeiro dono) e certeza de reparação em caso de dano decorrente do uso durante dois anos com o programa Carbon Care da Trek.

Especificações das rodas Bontrager Kovee RSL 30 TRL:

  • Diâmetro: 29”
  • Material: Carbono OCLV
  • Tipo: Tubeless Ready (TLR)
  • Hub: 110 mm (dianteira) e 148 mm (traseira)
  • Orifícios/raios: 24 em cada roda (Grand Forza à frente e Sapim CX-Ray atrás)
  • Junção: 14/17/14
  • Secção Central: Laminado
  • Disco: Centerlock
  • Disco Centerlock
  • Terminais: Bloqueio em liga
  • Válvulas tubeless: Presta
  • Cubos: DT Swiss 240s
  • Raios:
  • Largura interior: 29 mm
  • Largura exterior: 35 mm
  • Perfil: 22 mm
  • Norma: Boost 110/148
  • Pesos: 545 gramas (dianteira) e 654 gramas (traseira)
  • Preços: 1.099 euros (dianteira) e 1.399 euros (traseira)

Mais info:

Fotos GoRide:

Imagens Trek/Bontrager:

Neste teste:

  • Texto e fotos: Jorge D. Lopes
  • Imagens/gráficos: Trek
  • Vídeos: GoRide e Trek

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