Mais forte e mais ágil na escorregaria e muito técnica pista da Cidadela de Namur, Michael Vanthourenhout conquistou o seu primeiro título europeu de elites de ciclocrosse. Quando se aguardava que na poderosa armada belga os principais protagonistas fossem Eli Iserbyt ou Laurens Sweeck, foi o vice-campeão mundial de 2018 que venceu o campeonato – e com uma superioridade ainda mais surpreendente.

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Nem sequer não foram aqueles compatriotas que mais se aproximaram de Vanthourenhout nesta corrida, disputada numa pista ainda mais traiçoeira pela chuva que começou a cair minutos antes do tiro de partida. Essa oposição coube ao neerlandês Lars van der Haar, defensor do cetro conquistado no seu país em 2021 e também grande favorito ao triunfo, principalmente após a recente vitória no Troféu X20 de Koppenbergcross.

Na corrida ao ouro, ambos cedo se destacaram dos demais adversários, menos desenvoltos a lidarem com os obstáculos (e armadilhas) impostos pelo terreno pesado e deslizante, mas neste duelo de “fatores” acabou por ser o belga a superiorizar-se, errando menos do que Van der Haar, para conquistar, aos 28 anos de idade, o primeiro grande título de Elites da sua carreira.

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Michael Vanthourenhout concluiu a corrida com 40 segundos de vantagem sobre Van der Haar, que levou a medalha de prata, e o segundo belga, Laurens Sweeck, o bronze, já a mais de dois minutos do compatriota.

Inesperadas foram os quarto e quinto lugares do neerlandês Joris Nieuwenhuis e do suíço Kevin Kuhn, respetivamente, em parte beneficiando das desistências de Eli Iserbyt e Quinten Hermans.

Iserby, campeão europeu de 2020 e que esta temporada tem estado um patamar acima dos oponentes, com três vitórias consecutivas na Taça do Mundo, logo à primeira volta quis impor o seu andamento, destacando-se com a companhia de Lars van der Haar. No entanto, não demorou a que as coisas se complicassem para o belga, que cometeu um erro na primeira passagem pela descida mais íngreme e danificou a bicicleta.

Van der Haar viu-se, então, isolado na liderança, mas Michael Vanthourenhout alcançou-o alguns minutos depois. Este duo separa-se uma primeira vez à terceira volta, com o neerlandês a aproveitar uma queda e um problema mecânico do belga, para ganhar cerca de 10 segundos de vantagem.

À quinta volta, a corrida teve uma nova reviravolta, Van der Haar é outra alcançado por Vanthourenhout… e logo em seguida cai! – perdendo logo 15 segundos. O corredor dos Países Baixos dá tudo nas voltas seguintes para apanhar outra vez o líder, mas é quando este entra na sua melhor fase da corrida, a ritmo certo e sem falhas, terminando mais forte do que Van der Haar.

“É a minha maior vitória! Esta camisola significa muito para mim. Foi muito difícil, sem dúvida uma das corridas mais complicadas que fiz”, começou por afirmar o novo campeão da Europa.

“Senti que as minhas pernas estavam boas, mas foi muito difícil acompanhar o Lars [van der Haar] no início, e mais, porque cometi muitos erros. Com o tempo fui errando menos e consegui pressioná-lo, que começou a ter mais falhas. Então, ultrapassei-o”, conclui Miachel Vanthourenhout, que subiu ao pódio nas últimas três edições do Europeu (2º em 2020, 3º em 2021 e, portanto, 1º em 2022).

Não houve coroa de bicampeão para Lars van der Haar, que seria o terceiro título europeu para o neerlandês, após 2015 e 2021, que fez o retrato pessoal, mas bastante fiel da corrida.  “Estava bem na frente após subida de pavé logo no início. Tinha a corrida bem controlada, na minha opinião, mas errei ao utilizar pneus com pressão muito baixa, e furei. Foi quando, então, a corrida virou a favor de Michael [Vanthourenhout], explicou o medalhado com prata.

Sem esse furo… creio que a corrida teria sido diferente, nunca se saberá. Naquela altura não estava sob pressão e assim comete-se menos erros. Quando Michael me alcançou e fez a descida tão bem, colocou-me sob pressão e caí. Infelizmente, cometi dois pequenos erros e um muito grande, quando nessa queda bati num poste. Isso afetou-me”, afirmou

E continuou: “Nessa colisão, magoei a mão direita, doía muito! A diferença então permaneceu estável em 20 segundos, mas era demasiada… se Michael não cometesse erros. Talvez pudesse ganhar-lhe um ou dois segundos na subida, por isso continuei a fundo, mas ele não cometeu erros. Claro que estou desapontado. Vim aqui para vencer, mas fui derrotado por um adversário mais forte. Tive um pouco de azar, mas no final estou em paz com o que fiz”, conclui Lars van der Haar.

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Francês Bisiaux vence nos Juniores

O francês Léo Bisiaux conquistou o título de campeão europeu júnior de ciclocrosse, confirmando o favoritismo, ao somar o sexto triunfo esta temporada. O corredor da seleção tricolor, de 17 anos, assumindo o comando praticamente ainda a meio da corrida, controlou os adversários e desferiu o golpe de misericórdia na fase final, culminando o mais do que aparente domínio.

Com este desempenho quase perfeito em Namur, Bisiaux tornou-se o segundo ciclista júnior francês a conquistar o título europeu de ciclocrosse depois de Emilien Viennet já no longínquo ano de 2009.

Atrás de Bisiaux, terminou na segunda posição o dinamarquês Daniel Weis Nielsen (a 6 segundos) e do neerlandês Guus van den Eijnden (a 19).

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Fotos @uec_cycling

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