Neste especial em três partes já falámos dos diferentes líquidos de travão que mais são utilizados nos sistemas de travões hidráulicos de disco; falámos também das várias composições de pastilhas que existem hoje em dia. Agora, nesta 3ª e última parte, vamos falar… tudo!

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Sim: um sistema de travões de acionamento hidráulico completo é composto por muitos outros componentes, que, por vezes, apresentam diversos designs e engenharias em função do objetivo a que se destinam. O objetivo final, esse, é exatamente: travar o melhor possível.

Olhemos então para (praticamente) todos os elementos (menos do líquido e das pastilhas, que já vimos antes…) que fazem parte de um sistema de travagem das bicicletas dos tempos que correm. É como se desmontássemos tudo!

Bombas de travão (e manetes)

As bombas estão montadas junto às manetes, sendo estas que as acionam; podem ter dois designs distintos, com diferentes características e vantagens.

Bombas de acionamento radial

O nome vem da localização da bomba, que está na perpendicular em relação ao guiador. E o curso da manete é paralelo ao sentido de acionamento do pistão. Estima-se que a força exercida nas manetes chega de maneira mais fidedigna ao pistão que aciona a bomba, aproveitando mais a força e melhorando o tato.

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As manetes de travão da bicicleta de estrada (ou de gravel) costumam ter esta disposição, assim como algumas para guiadores mais planos.

Bomba de travagem de acionamento radial.

Bombas de acionamento axial

A posição destas costuma ser paralela ao guiador, geralmente em linha com a manete. O curso da manete é perpendicular ao sentido de acionamento do pistão. Isto supondo que uma parte da força gerada na manete se possa perder ao mudar o sentido do acionamento. Esta disposição permite produzir conjuntos de manetes de travão mais compactos e recolhidos.

Bomba de acionamento axial.

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As manetes, por sua vez, apresentam diferentes designs e construções, em função se falamos de manetes para guiadores planos (BTT…) ou curvos (estrada, gravel…). O único destaque é que este é o único componente dos que vamos referir em que se pode incorporar fibra de carbono para tirar peso.

Manetes em fibra de carbono para guiador curvo.

Pinças de travão

Podemos traçar duas classificações com base no funcionamento das pinças (número de pistões) ou na construção da pinça (numa ou duas peças, assim como o tipo de material utilizado).

Número de pistões

Atualmente, o mais habitual é encontrarmos pinças de dois ou de quatro pistões, sempre dispostos de forma paralela; ou seja, atuam em ambos os lados do disco.

Estes geralmente aplicam pressão sobre as pastilhas de travão que, no caso das pinças de quatro pistões, podem funcionar com cada uma das duas pastilhas a ser acionada por um par de pistões. Com dois pistões, é acionada ma pastilha individualmente por cada um deles.

Pinça de dois pistões.

Naturalmente, os travões de quatro pistões, geralmente, têm uma utilização mais “radical”, estando destinados a categorias em que é preciso um maior poder de travagem, uma boa dissipação do calor e o peso a ter menos importância (porque há mais peso no sistema de quatro pistões).

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Pinça de quatro pistões.

Tipo de pinça e materiais de construção

As pinças de travão podem ser feitas de duas formas diferentes: a mais económica é quando estas são constituídas por duas peças que se unem através de parafusos; a segunda forma é fazê-la numa só peça (o que se conhece como monobloco).

Estas últimas dão mais rigidez, ao não terem parafusos nem pontos de união, do que o que acontece nas de duas peças, que podem apresentar sempre uma certa flexão entre os diferentes componentes que as formam.

Pinça monobloco.

Por outro lado, há o material que as compõe. Embora hoje falemos sempre do alumínio, este pode estar trabalhado de duas maneiras: ou é fundindo, ou é maquinado (normalmente em máquinas CNC).

O primeiro geralmente dispõe de uns registos de rigidez mais altos e o segundo apresenta uma terminação superior e um peso menor, geralmente.

Pinça em alumínio maquinado em CNC.

Bichas de borracha dos travões

Também este elemento pode apresentar-se de formas diferentes. O mais habitual é serem usadas as tradicionais bichas de borracha com cobertura sintética (geralmente plástico, às vezes kevlar), que dão uma boa relação funcionalidade/preço e que têm a particularidade de ser resistentes perante a humidade e a chuva.

São basicamente tubos de borracha que transportam o líquido/óleo dos travões onde antes “trabalhavam” cabos de aço.

Conjunto manete-bomba em alumínio CNC e bicha metálica.

Por outro lado, também existem bichas metálicas, que têm uma estrutura exterior em aço trançado (às vezes misturado com alumínio, mas geralmente em aço inoxidável) e uma capacidade extra perante fortes travagens (dilatam menos que os sintéticos). Mas aqui há o problema da oxidação…

Discos de travão

Habitualmente são feitos de aço, material que tem uma excelente resistência ao desgaste e pouca deformação perante altas temperaturas. Podemos encontrar, de forma genérica, dois tipos de discos: os que são feitos com base numa só peça e os que consistem em duas peças, por assim dizer.

Disco de uma só peça “mordido” por uma pinça de quatro pistões.

Estes últimos têm, por um lado, a sua própria pista ou disco de travagem e, por outro lado, o que se denomina de “aranha”, que é a parte que vai agarrada à roda.

A união entre ambas as peças acontece através de uma espécie de rebite (são vários, normalmente seis), que por vezes permitem uma certa folga entre as duas partes.

É a isto que se chama sistema de discos flutuantes, sobejamente conhecidos, e que permitem que a acoplagem entre o disco e as pastilhas de travão seja quase perfeita e com menos deformações.

Disco em duas peças com inserções Ice Tech Freeza para melhor dissipação de calor.

A estes discos flutuantes estão a seguir-se diferentes variantes, contudo, nas quais se inserem peças entre os rebites, e às vezes com pinturas especiais que permitem uma melhor dissipação do calor.

Diferenças entre alumínio forjado, fundido e maquinado

Para se produzirem peças de alumínio através do método maquinado é usada uma peça única (ou bloco) à qual se vai depois eliminando material de sobra. É um processo em que vão sendo removidas “aparas”de metal através de um centro de torno mecanizado CNC (até a peça final estar finalizada).

Para escolher a liga de alumínio específica para o fabrico destes componentes surgem diferentes fatores: a resistência à corrosão, a rigidez, o preço, o peso e a componente estética, também.

Por outro lado, as peças fabricadas em alumínio forjado partem de secções de alumínio maquinado às quais se dão formas através de processos de estampagem, quinagem, flexão, laminação e/ou extrusão… É normal utilizar-se esta técnica para produzir partes do quadro, guiadores, espigões de selim, pedaleiros…

No que toca aos travões, que é o que nos interessa neste artigo, as pinças e manetes são geralmente produzidas com recurso a alumínio fundido, ou seja, utilizando moldes e até usando metal em estado líquido para dar origem à forma desejada.

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Especial travões, parte II: 4 tipos de pastilhas de travão

Especial travões, parte I: o líquido dos travões hidráulicos


Fotos: Arquivo GoRide / Hope Tech / Magura / MMR / Shimano


Artigo redigido por José Escotto e editado por Jorge Lopes. Caso detetes algum erro ou tenhas informação adicional que enriqueça este conteúdo, por favor entra em contacto connosco através deste formulário.

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