Talvez o caso remonte ainda ao Tour do ano passado e surge dramatizado no recente documentário da Netflix, apesar de Wout van Aert tê-lo desmentido categoricamente. E agora ressurgiu no Tour 2023…

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Tudo aconteceu na quarta etapa da edição de 2022 da Volta a França, quando o belga da Jumbo-Visma, que vendia saúde e perseguia vitórias para consolidar a ambicionada camisola verde antes da entrada nas montanhas e passar a dedicar-se ao apoio aos líderes, Primoz Roglic e Jonas Vingegaard, ganhou isolado em Calais, após um ataque fulminante numa subida perto do final, deixando para trás o dinamarquês, incapaz de seguir-lhe a roda.

O nórdico (segundo o que é mostrado na referida série televisiva, num briefing da equipa após a etapa no autocarro) não terá ficado satisfeito por Van Aert não ter aguardado por ele, o que lhe permitiria ganhar alguns segundos a Tadej Pogacar (de que não viria a necessitar, conforme a corrida encarregou de provar mais tarde…).

De resto, houve mais uma ou outra vez que o belga troçou de Vingegaard perante companheiros e diretores quando este insistiu para que refreasse o ímpeto quando estivesse a imprimir o ritmo, em particular (também mostrado no documentário) na definição da (bem-sucedida) estratégia para a célebre etapa do Glandon, em que a Jumbo derrotou Pogacar.

Todavia, o êxito da Jumbo, de Vingegaard e de Van Aert nesse Tour deveria ter sanado todos os eventuais diferendos – principalmente após o dinamarquês, com a amarela garantida, ter permitido que o belga vencesse o contrarrelógio do penúltimo dia. De resto, as celebrações, emocionadas, de Van Aert, nesse dia, e no seguinte, no pódio em Paris, pareciam mostrar que tudo (o que houvesse) estaria definitivamente enterrado.

Mas, ao que parece, não está! E logo nas primeiras duas etapas da presente edição do Tour, o caso ganhou nova dimensão. Tanto na tirada inaugural, e com maior relevância na segunda, este domingo, Jonas Vingegaard não colaborou no esforço da sua equipa, Jumbo-Visma, para alcançar os fugitivos. No sábado, os irmãos Yates e agora Victor Lafay.

O objetivo da formação neerlandesa seria permitir que Wout Van Aert discutisse a etapa ao sprint. E como tanto Adam Yates como o francês da Cofidis acabaram por ganhar a etapa, este domingo, a frustração do belga, refletida num gesto de desagrado após cruzar a meta na segunda posição, e a posterior recusa em falar à imprensa alimentam a polémica.

No final da etapa, Vingegaard negou ter zelado apenas pelas suas pretensões. “Creio que já fiz algo pelo Wout. Poderia ter pensado em mim e colaborado com Pogacar após a última subida e não o fiz. Em dois dias consecutivos. Por isso, de certa forma, ajudei-o”, afirmou o dinamarquês, que reforçou: “devo focar-me só na classificação geral. Temos objetivos distintos, mas estamos desapontados porque queríamos que Wout vencesse”.

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Outro corredor da Jumbo-Visma também comentou: “se Vingegaard tivesse ajudado? É difícil dizer. Teremos de analisar essa situação. Mas certamente poderia ter feito a diferença, talvez tivéssemos vencido”, referiu Wilco Kelderman.

Grischa Niermann, diretor desportivo da equipa, responsabilizou-se pelo sucedido. “Ontem [sábado], Vingegaard não teve culpa. E se alguém cometeu um erro hoje [ontem] fui eu. O objetivo é que Jonas se mantenha na roda de Pogacar. Olhando para o que se passou, ele poderia ter ajudado a equipa, mas eu estava confiante de que Kelderman e Benoot seriam suficientes. Não deu certo”.

Frans Maassen, outro diretor desportivo da equipa, também deu a sua opinião. “Jonas está a concentrar-se o máximo possível em Pogacar, é óbvio. Ele poderia ter colaborado, sim, mas o isto não é a PlayStation”.

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Imagens: Jumbo-Visma Twitter

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