Era necessário responder à W52-FC Porto depois do mau dia na Senhora da Graça. A Efapel não teve muito tempo para ponderar uma táctica que recolocasse Joni Brandão mais próximo, pois apenas dois dias separaram as duas etapas mais importantes. Não haveria outra hipótese senão atacar. A questão era quando e como preparar essa movimentação. António Carvalho juntou-se ao companheiro para, à vez, tentar quebrar uma W52-FC Porto que teve João Rodrigues como elemento essencial na protecção a Amaro Antunes.

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Sem grande surpresa, as decisões entre os candidatos ficaram para a subida final, os 20 quilómetros da única categoria especial da Volta a Portugal, depois das Penhas Douradas (segunda categoria) e Sarzedo (terceira). Nos 148 quilómetros que começaram na Guarda, Frederico Figueiredo não pode ficar em segundo plano. Repetiu a boa exibição, da Senhora da Graça. E se a amarela ficou mais difícil, pois Amaro não falhou, o ciclista da Atum General-Tavira-Maria Nova Hotel mantém-se no segundo lugar.

Mas o dia pertence a Joni Brandão. A tentativa de ganhar mais tempo não resultou, foram apenas três segundos. Porém, ganhar na Torre é sempre especial e para a equipa teve ainda outro significado. Luís Mendonça saiu da Volta devido ao estado de saúde do pai e a Efapel queria dedicar uma etapa ao ciclista. Com o frio (e estava mesmo muito frio na Torre, com a cerimónia do pódio a ser adiada para esta sexta-feira antes do arranque da etapa), com o vento forte, nevoeiro, foi daqueles dias que marcam uma corrida e certamente marcará a carreira de Brandão.

© João Fonseca Photographer

Porém, ganhar a Volta está muito complicado depois da Senhora da Graça. A Efapel é colectivamente a equipa que mais se aproxima da W52-FC Porto, mas nesta luta particular e apesar dos ataques e contra-ataques, é mais um ano em que a equipa azul e branca tem sempre solução para anular os rivais. O vencedor da Volta de 2019 é desta feita o gregário que fez Amaro ficar perto da conquista final. Nem com dois ciclistas a Efapel conseguiu quebrar a W52-FC Porto, que está novamente a dominar e, mesmo com o algarvio de amarelo, continua a ter outra possível aposta.

Gustavo Veloso tem estado muito bem. Já sofreu uma grande derrota na Torre, mas desta feita, terminou junto de Amaro Antunes e com 1:13 de desvantagem para o companheiro, o facto de ser mais forte no contra-relógio, não é ciclista para se afastar da luta pela vitória. Afinal, não será inédito ver dois atletas da W52-FC Porto lutarem pela conquista da Volta.

Lisboa 2016. Veloso tentou tirar a amarela a Rui Vinhas, que fez o contra-relógio de uma vida para conseguir uma vitória surpreendente, para quem tinha o papel de gregário. 2020 marca o regresso à capital, com mais um final em contra-relógio.

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Com três etapas em linha antes, já não haverá alta montanha para Frederico Figueiredo (está a 13 segundos) e Joni Brandão (a 1:17 minutos). Há que mudar a táctica, pois tanto na tirada de sexta-feira (ver em baixo), como na de sábado, que termina em Torres Vedras, o terreno e o possível vento, pode ainda mexer com a corrida.

© João Fonseca Photographer

De certa forma, começa uma outra Volta, com Rúben Pereira e Vidal Fitas, directores desportivos da Efapel e Atum General-Tavira-Maria Nova Hotel, respectivamente, a terem de repensar estratégias. E se querem ainda atacar a amarela, há que arriscar, há que tentar algo. No contra-relógio estes dois ciclistas e Amaro são muito idênticos, não sendo a especialidade de nenhum, ao contrário de Veloso (está a 1:13).

Amaro está bem encaminhado para a sua primeira Volta a Portugal, oitava consecutiva da equipa, mas ainda não é tempo de celebrar. A W52-FC Porto vai continuar o seu trabalho de controlo, mas sabe que não terá dias de descanso até ao contra-relógio.

Classificações completas, via FirstCycling. António Carvalho foi penalizado em 20 segundos por ter recebido abastecimento dentro dos 10 quilómetros finais. Mais penalizações poderão ser conhecidas amanhã, com os comissários a estarem a rever imagens para perceber se mais alguém desrespeitou o regulamento.

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As camisolas mantiveram-se em Luís Gomes (pontos), Hugo Nunes (montanha), Simon Carr (juventude) e a W52-FC Porto lidera colectivamente.

5ª etapa: Oliveira do Hospital – Águeda, 176,3 quilómetros

É dia de regressar à capital das bicicletas. Desde 2001 que Águeda não recebe a corrida, então com italiano Salvatore Commesso a ganhar. O Grande Prémio Abimota tem esta cidade como palco e se recuarmos a 2007, no Grande Prémio CTT Correios de Portugal, temos um ciclista vencedor em Águeda e que agora está na caravana como director desportivo da Nippo Delko One Provence: José Azevedo.

Azevedo não era sprinter, mas esta sexta-feira, a expectativa é de uma chegada para os homens mais rápidos, que saíram frustrados de Viseu. Oier Lazkano (Caja Rural) conseguiu manter-se isolado à frente do pelotão, numa etapa que teve mais dificuldades do que terá a desta quinta-feira.

Celavisa e Espinheira são duas quartas categorias e apesar de algum sobe e desce na primeira metade da etapa, os últimos 70 quilómetros serão maioritariamente planos.

(Texto foi originalmente publicado no blog Volta ao Ciclismo.)

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