Marcas de bicicletas de trail norte-americanas: há uns tempos, algumas marcas mais exclusivas, diga-se assim, tinham no preço e na qualidade fronteiras que as colocavam mais no topo, pelo menos em teoria. E isto face a marcas de produção mais abrangentes. Hoje, tudo é diferente.

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Pirelli

Exclusividade e qualidade eram argumentos que algumas marcas faziam valer para como que justificar preços que nos pareciam um pouco exagerados: Ibis, Santa Cruz e Yeti, por exemplo, exploravam uma certa condição de exclusividade que era alavancada por soluções consideradas tecnicamente avançadas e/ou diferentes. Era com isto que justificavam preços astronómicos nas suas bicicletas de trail.

Contudo, hoje as diferenças de preço e qualidade são muito reduzidas face a marcas mais generalistas e de produção em massa com a Scott, a Specialized e a Trek , por exemplo. E são estas as seis marcas que colocamos neste seleção, um pouco até numa abordagem frente a frente…

Lembramos que não testámos as bicicletas que constam neste artigo, as nossas considerações são baseadas nas listas de especificações e na nossa experiência com outras versões deste modelo.

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A ideia é esmiuçar todas as particularidades de cada bicicleta, para que possas ter uma ideia fidedigna do que cada uma pode ser capaz de fazer. E optámos por um “ramo” da modalidade que está em “altas”: o trail (numa abordagem mais “leve”). E as versões apresentadas são as topo de gama.


Bicicletas de marcas mais mainstream

Scott Spark 900 Ultimate (desde 11.599 euros)

Uma bicicleta que se destaca pela suspensão traseira integrada no quadro, como sabemos. Apesar de estar não ser uma tecnologia nativamente desenvolvida pela Scott (vem da Bold, marca adquirida pela Scott…), temos que admitir que é uma característica que não deixa ninguém indiferente.

Esta Spark (sem o apelativo RC, atenção!) corresponde a uma versão mais downcountry, com cursos de 130/120 mm, e com o sistema Twinloc que permite selecionar diferentes cursos no amortecimento e diferentes comportamentos na abordagem aos trilhos. Não será exagerado afirmar que esta bicicleta “esconde” várias bicicletas numa só.

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Prototype

O equipamento está em linha com o preço… Transmissão eletrónica Sram XX1 AXS, componentes Fox Factory (suspensão frontal 34, amortecedor Nude 5T e espigão Transfer), rodas em carbono Syncros Silverton SL2-30 CL…

Ficha técnica:

Quadro: Carbon HMX // Suspensão: Fox 34 Factory 130 mm // Amortecedor: Fox Nude 5T Factory Twinloc 120/90 mm // Transmissão: Sram XX1 AXS // Travões: Shimano XTR M9120 4 pistões // Rodas: Syncros Silverton SL2-30 CL full carbon // Pneus: Schwalbe Wicked Will 29×2.4″ // Guiador: Syncros Fraser iC SL DC Carbon 760 mm // Espigão: Fox Transfer Factory // Peso: 10,9 kgs


Specialized S-Works Epic EVO (desde 12.800 euros)

Salta imediatamente à vista o quadro, um verdadeiro ex-libris: acabamento S-Works, manufaturado recorrendo à exclusiva fibra de carbono Fact 12m, exclusiva da Specialized. Um verdadeiro prodígio de rigidez e leveza, com acabamento de alto nível.

A designação Evo da Epic traz um acréscimo à capacidade da suspensão 120/110 mm: esta é complementada por uma geometria muito mais capaz comparativamente ao modelo de XC, especialmente no que a descer diz respeito.

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KTM Macina Scarp SX Prime

O equipamento é de topo. Transmissão eletrónica Sram AM XX1 AXS, espigão Rock Shox Reverb AXS, suspensão Rockshox SID Ultimate e amortecedor SID Luxe Ultimate RX XC Tune (sem Brain). As rodas são as Roval Control SL.

Ficha técnica:

Quadro: Carbon Fact 12m // Suspensão: RockShox Sid Ultimate 120 mm // Amortecedor: RockShox SID Luxe Ultimate 110 mm // Transmissão: Sram XX1 AXS // Travões: Sram G2 Ultimate // Rodas: Roval Control SL 29 mm // Pneus: Specialized Ground Control 29×2.35 // Guiador: Roval Control Rise Carbon 760 mm // Espigão: Rock Shox Reverb AXS // Peso: N.D.


Trek Top Fuel 9.9 XX1 AXS (desde 12.249)

Este modelo passou de uma suspensão total de XC há dois anos para uma bicicleta de trail hoje. Ou será de downcountry? Dá para tudo, no fundo! Dá cartas nas duas variantes da modalidade…

Uma abordagem equilibrada a várioas níveis reforça isso mesmo. Com cursos de 130/120 mm, podemos explorar as potencialidades desta bicicleta num universo de situações díspares. Na Top Fuel encontramos um quadro de carbono OCLVque também tem um compartimento de carga “escondido” no quadro, tal como no modelo da Specialized.

A fasquia é alta no que ao equipamento concerne. Transmissão eletrónica Sram XX1 AXS, espigão Reverb AXS, suspensão Pike Ultimate e amortecedor Deluxe RCT, rodas Bontrager Line Pro 30 em carbono, periféricos também em carbono…

Ficha técnica:

Quadro: Carbono OCLV // Suspensão: RockShox Pike Ultimate 130 mm // Amortecedor: RockShox Deluxe Ultimate RCT 120 mm // Bontrager Line Pro 30mm // Pneus: Bontrager XR4 Team Issue 29×2,40” // Guiador: Bontrager RSL 820 mm // Espigão: RockShox Reverb AXS // Peso: 11,95 kg


Bicicletas de marcas mais ‘exclusivas’

Imaginação e exotismo são características predominantes neste grupo de bicicletas, quer no design dos quadros, quer ao nível das suspensões. Tudo dentro de gamas altas, muito altas…

Ibis Exie XX1 (desde 14.098 euros)

Hand Made in USA. Esta mensagem é exibida com orgulho no quadro deste modelo. A Exie tem como base um modelo de XC; apesar disto, achamos que a sua configuração e a geometria assentam que nem uma “luva” neste artigo. Os cursos da suspensão (120/100 mm) e a geometria agressiva dão-nos razão.

O sistema de suspensão traseiro caracteriza-se por ser um DW-Link com braço oscilante/flutuante com dois elos, o que permite que a roda traseira “desenhe” diferentes trajetórias, traduzindo-se isto  numa manobrabilidade muito viva e eficiente, completa em todas as situações.

Já experimentámos a bicicleta na versão e-bike. Por isto tudo, a Ibis acredita que 100 mm de curso é mais que suficiente para fazer face às necessidades dos riders mais exigentes.

O equipamento está em linha com as bicicletas já aqui descritas. Transmissão eletrónica Sram XX1 AXS, espigão RockShox Reverb AXS, FOX Factory 34 à frente, amortecedor FOX DPS na retaguarda. No entanto, rodas em carbono são um componente opcional e têm um custo extra, naturalmente.

Ficha técnica:

Quadro: Carbon Fiber // Suspensão: Fox 34 SC Factory 120 mm // Amortecedor: Fox DPS Factory 100 mm // Transmissão: Sram XX1 AXS // Travões: Shimano XTR M9100 2 pistões // Rodas: Ibis 933 Alu // Pneus: Maxxis Rekon Race 29” x 2.4″ // Guiador: Enve M6 em carbono com 780 mm // Espigão: RockShox Reverb AXS // Peso: N.D.


Santa Cruz Tallboy CC X01 AXS RSV (preço sob consulta)

Nesta recente criação da Santa Cruz, o foco é claro: uma bicicleta trail que pisca o olho e explora a vertente mais extrema ou “hardcore” do XC, afirma o fabricante americano.

O curso da suspensão é mais que suficiente para isso (130/120 mm) e até mesmo para umas voltas de trail mais vigoroso. Realce para o flip-chip que permite fazer ajustes em busca da posição perfeita para as características de cada rider.

O quadro conta com a GloveBox no tubo diagonal, um compartimento que pode ser encontrado em bicicletas de outros players do mercado e que é sempre bem-vindo. O sistema e suspensão traseiro também assentam sobre um sistema oscilante/flutuante. O amortecedor, basicamente, “trespassa” o tubo do selim: uma solução invulgar, mas engenhosa.

Ao nível do equipamento, podemos dizer que baixa a fasquia relativamente às outras bicicletas neste artigo. Transmissão X01 AXS da Sram no lugar da XX1: a orientação predominantemente trail assim obriga? O espigão é um RockShox Reverb, mas convencional (não é AXS).

Ao nível do amortecimento, encontramos uma curiosa combinação: na frente, uma RockShox Pike; na traseira, um Fox DPS Factory. Rodas: Reserve 30 SL, carbono. No entanto, este modelo poderá não estar disponível, pelo menos de forma oficial, no país.

Ficha técnica:

Quadro: Carbon CC // Suspensão: RockShox Pike Ultimate 130 mm // Amortecedor: Fox DPS Factory 120 mm // Transmissão: Sram X01 AXS // Travões: Sram G2 RSC // Rodas: Reserve 30 SL Carbon // Pneus: (D) Maxxis Dissector 29″x2.4″, (T) Maxxis Rekon 29″x2.4″ // Guiador: Santa Cruz Carbon 800 mm // Espigão: Rock Shox Reverb // Peso: 13,11 kg


Yeti SB120 T4 (desde 12.934 euros)

Um modelo totalmente novo, a provar não só que o trail está na moda, mas também que a Yeti é um player a ter sempre em conta. A SB120 substitui a descontinuada SB115, com uma abordagem mais trail, mas sem perder capacidades mais reativas.

O exclusivo carbono Turq é o material utilizado no fabrico do quadro. O sistema de amortecimento traseiro, tal como o da Scott, é o mais excêntrico deste comparativo: o engenhoso Switch Infinity, desenvolvido em parceria com a Fox, incorpora um pistão duplo que permite que o pivô principal do braço oscilante se mova em altura, o que o faz flutuar.

Ao nível do equipamento, é tudo topo (assim como o preço). Transmissão eletrónica XX1 AXS da SRAM, suspensão Fox Factory 34, amortecedor DPS, espigão telescópico Fox Transfer Factory, rodas de Carbono DT Swiss EXC 1501.

Ficha técnica:

Quadro: Carbon Turq Series // Suspensão: Fox 34 Factory 130 mm // Amortecedor: Fox DPS Factory 120 mm // Transmissão: Sram XX1 AXS // Travões: Sram Level Ultimate // Rodas: DT Swiss EXC 1501 Carbon // Pneus: (D) Maxxis Rekon 29″x2.4″ (T) Maxxis Rekon Race 29″x2.35″ // Guiador: Yeti Carbon 760 mm // Espigão: Fox Transfer Factory // Peso: 12,38 kg

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Imagens: Scott (principal) / Specialized / Trek / Ibis / Santa Cruz / Yeti


Artigo redigido por José Escotto e editado por Jorge Lopes. Caso detetes algum erro ou tenhas informação adicional que enriqueça este conteúdo, por favor entra em contacto connosco através deste formulário.

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