Egan Bernal está a fazer a estreia nesta temporada na Volta a San Juan, na Argentina, que arrancou este domingo. Antes da prova disse preparado para competir ao mais alto nível após o grave acidente há cerca de um ano.

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“É difícil comparar o meu nível com o de outrora, porque estamos apenas em janeiro e as referências que tenho são dos melhores momentos da minha carreira desportiva. Mas provavelmente poderíamos comparar com as sensações que tive na mesma altura em anos anteriores”, admitiu Bernal.

“Estou a fazer o mesmo treino que costumava fazer naquela época e estou a sentir-me bem. Portanto, a minha projeção para o próximo ano é muito otimista”, reforçou o corredor da INEOS Grenadiers, que em San Juan, alinha com uma equipa que inclui o seu leal tenente Daniel Martínez. Conta ainda com Filippo Ganna e Elia Viviani, contra oponentes em que se destacam o campeão mundial Remco Evenepoel, Miguel Angel López e Sergio Higuita.

A etapa cinco, para o Alto Colorado, deverá fornecer as primeiras indicações mais consistentes da forma de Bernal. “Não há assim tantas montanhas, mas com o calor vai ser uma corrida difícil”, disse o colombiano. “O mais importante é aproveitar”, frisou.

Na antevéspera da prova sul-americana, Bernal fez uma resenha da sua difícil caminhada em 2022. “Creio que foi mais difícil psicologicamente do que fisicamente”, disse Bernal a repórteres em San Juan.

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“Houve alguns momentos muito complicados no processo, momentos em que disse para mim mesmo: vale a pena continuar a andar de bicicleta? Será que vou conseguir voltar ao melhor nível? Quero correr esses riscos com a minha namorada, a minha mãe e o meu pai em cuidado por mim? Eu pensei nisso muitas vezes”, desabafou Bernal.

No início do último verão, depois um processo de reabilitação que espantou todos, incluindo os médicos que o acompanharam, Bernal afirmava-se apto a voltar a competir. Todavia, os responsáveis da INEOS Grenadiers refrearam o ímpeto do seu ciclista. O corredor respeitou, mas não desarmou. Estava ansioso por regressar ao pelotão.

“Foi a melhor decisão. Creio que nasci para ser corredor. Não consigo imaginar a minha vida sem a bicicleta”, disse Bernal. “Tentamos sempre retirar o melhor proveito de uma situação má. Espero que isso possa inspirar as pessoas que estão a passar por momentos difíceis. Acho que ganhei a corrida mais importante da minha vida”.

“Neste momento, não, não estou com receio das corridas, da velocidade e das quedas. Mas quando comecei a treinar houve momentos em que tive medo. Sempre que andava rápido, acima dos 60 km/hora, estava sempre a revisitar aquele momento, do acidente, mas agora acabou. Superei isso”, assegurou Bernal, que recordou as primeiras corridas após a recuperação, em 2022.

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“Quando competi na Alemanha e na Dinamarca, os primeiros quilómetros foram meio estranhos, mas depois de algumas etapas estava bem integrado”, frisou.

Sobre os objetivos da temporada, Bernal, então, foi mais comedido. “As minhas ambições vão depender de como me sentir, mas neste momento estou a sentir-me bem e quero estar no Tour, e na melhor forma possível. Veremos à medida que as corridas vão passando e nos aproximarmos dessa data”, explicou Bernal, que concluiu com um desabafo profundo…

“Pode ser estranho dizer isto, mas creio que 2022 foi um dos melhores anos da minha vida. Aprendi a ter paciência e a valorizar a minha família, que é uma das coisas mais importantes. É isso que destaco. Apesar de tudo, somos apenas seres humanos. Não importa quem sejamos, podemos ser vítimas qualquer tipo de situação má, que nos coloque em risco de vida.”

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Fotografias: Twitter Egan Bernal

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