Finalmente o BTT. Demorou, mas a retoma no calendário por cá vai agora estender-se a esta vertente, com uma prova sem tradição em Portugal: XCE. E será logo com um Campeonato Nacional. Domingo é o dia do regresso dos atletas, que irão competir na pista de BTT de Tamengos, Anadia.

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Ricardo Marinheiro assume desde já que irá perseguir mais um título. Porém, O campeão nacional de XCO – camisola que conquistou pela segunda vez em elite em 2019 – não esconde a desilusão de uma temporada que terá tão poucas provas, que mudou toda a preparação e que também mexe com a motivação.

“Estou ansioso, mas ao mesmo tempo, é uma época demasiado curta, pelo menos em Portugal. São poucas provas para o tempo que estivemos parados. Poucas provas para o que resta do ano, mais a incerteza se vão ou não realizar-se. Nunca sabemos se amanhã há um surto e lá se vão os eventos”, começa por desabafar ao GoRide.pt.

Desde março, na prova a contar para a Taça de Portugal, que não há BTT e para Ricardo Marinheiro, o pior está mesmo a ser a incerteza. Por isso mesmo, admite que está mais focado na próxima época: “Eu tenho a opinião que era 2021 e seguir. Mas claro que compreendo as entidades, como a federação, de quererem fazer alguns eventos. Mas são muito poucos.”

E acrescenta: ” O ciclismo está em andamento, mas no BTT sou mais apologista de no próximo ano começar a sério e nós contarmos com uma coisa, do que estar nesta incerteza.” Porém, não se espere que Marinheiro não vá atrás de vitórias nas corridas que se realizarem ainda em 2020. É um ganhador e até se ri quando é questionado se vai à procura do triunfo no domingo. “Vou para ganhar! Isso não muda nada! Vou lá para ganhar a camisola!”

© Eduardo Campos

Os principais rivais

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Mário Costa, Roberto Ferreira, João Rocha e Miguel Salgueiro – um homem de estrada, mas que vence em qualquer vertente – são apontados pelo atleta como os seus principais adversários. Mas Marinheiro não afasta a possibilidade de aparecer mais alguém na luta.

O atleta, de 28 anos, já competiu em XCE em Taças do Mundo e referiu como é diferente do XCO, por exemplo. Contudo, refere ainda que, perante a falta de provas,  a forma física dos adversários será uma incógnita: “Não se sabe quem está bem, quem não está… Faltam corridas e há certos atletas que precisam de corridas para ganhar mais forma… Mas é o que é e temos de saber lidar com isto.”

Treinos e motivação sofrem com incerteza

O treino também sofreu com a incerteza que se vive. “Cada vez que há um Campeonato Nacional ou outra prova importante, gosto de fazer um estágio em altitude, mas este ano não o vou fazer, porque não vou gastar cerca de mil euros, entre alojamento, viagens, alimentação, sem saber o que vai acontecer. E é só uma corrida. Não é depois pensar numa Taça do Mundo que queira ir fazer, que tenha um objetivo. Só isso altera muito a preparação”, contou.

© Direitos Reservados

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Ricardo Marinheiro salientou que a motivação sofre igualmente com a situação que se vive: “Se não há corridas, porque vamos puxar, ir mais além? Não temos esse tipo de motivação.” No entanto, poder no domingo competir é positivo nesse aspeto, pois todos podem sentir novamente aquele ambiente de corrida que tanto gostam. “Temos vontade de pôr o dorsal na bicicleta.”

E o número de inscritos comprova isso mesmo, ou seja, estarão presentes em Anadia cerca de 300 corredores, distribuídos por dez categorias etárias, masculinas e femininas.

Mesmo que a motivação não seja a mesma, a vontade de regressar às corridas está lá, ainda que a esperança passe por 2021 já ser um pouco mais “normal”. “Só vamos ter um Campeonato Nacional e uma qualificação, que será uma volta ao circuito. Estamos a falar de uma época de uma hora e 40 minutos. No XCE quem for à final terá uma hora e 54 minutos. É a época de 2020…”

Recordou como na República Checa e Suíça, por exemplo, já se estão a disputar corridas, com todas as medidas de segurança sanitárias e Marinheiro deseja que Portugal também entre nesse ritmo, nem que, lá está, tenha de se esperar por 2021.

Por agora, o detentor de um dos principais feitos internacionais do BTT português – foi vice-campeão mundial de juniores em XCO em 2009 – só deseja que a situação pandémica não leve a mais cancelamentos.

© Direitos Reservados

O que é o XCE?

XCE quer dizer, em inglês, Cross Country Eliminator. Em português podemos traduzir por Eliminação em BTT.

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Ao contrário da eliminação em pista, não se trata de uma corrida em pelotão. O XCE arranca com um contrarrelógio individual de uma volta à pista. Quem fizer os melhores tempos em cada uma das categorias etárias e em cada um dos géneros passa à fase seguinte.

A Federação Portuguesa de Ciclismo explica que “em função das caraterísticas da cada prova, do número de inscritos e de outros fatores – as limitações covid, por exemplo – pode decidir-se o número de corredores apurados”.

No Campeonato Nacional de domingo passam os oito atletas com melhor tempo em cada faixa etária e em cada género. Esses são alinhados em duas séries de quatro corredores. Começa então a eliminação. Em cada série são eliminados os dois últimos e qualificam-se para a final os dois melhores. O resultado da final determina a classificação dos quatro primeiros.

Horários

Entre as 9 e as 12 horas disputam-se os títulos de juniores e de cadetes. Os corredores de elite e os masters competem a partir das 14 horas.

De salientar que dadas as condicionantes impostas pela covid-19, não será permitido público no circuito.

Calendário 2020

  • 30 de agosto: Campeonato Nacional de XCE
  • 12 e 13 de setembro: Qualificações Inter-Regionais para o Campeonato Nacional XCO
  • 20 de setembro: Campeonato Nacional de DHI
  • 27 de setembro: Campeonato Nacional de XCO
  • 11 de outubro: Campeonato Nacional de XCM
  • 25 de outubro: Campeonato Nacional de Enduro
  • 29 de outubro a 1 de Novembro: Taça do Mundo de DHI

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