Rui Costa é um dos nomes que mais se fala neste início de temporada. Com três vitórias, o ciclista português surge renascido após a mudança de equipa. Não podia estar mais feliz na Intermarché-Circus-Wanty, mas é o primeiro a admitir que nem ele esperava um arranque de época tão bom.

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As vitórias no Trofeo Calvia (Challenge de Maiorca), última etapa e geral na Volta à Comunidade Valenciana não passaram despercebidas por cá. Rui Costa esteve na Figueira Champions Classic (foi quarto classificado) e prepara-se para lutar pela Volta ao Algarve.

Na Figueira da Foz, os mais novos procuraram incessantemente Rui Costa, chamando e perguntando por ele enquanto estava no autocarro. Os mais velhos podiam tentar ser mais discretos, mas também queriam ver o campeão do mundo de 2013 e a bicicleta Cube do português foi alvo de muitas fotografias.

“Quando venho a Portugal sinto sempre o carinho dos portugueses. É muito bom [sentir o carinho dos mais novos]. É sinal que a juventude começa a ter interesse no ciclismo. Quer fazer desta modalidade um hobby ou mesmo como vida profissional e isso é maravilhoso”, afirmou Rui Costa ao GoRide.

Este ano houve uma mudança de equipa positiva, que me traz outro alento, outra motivação

Os triunfos ajudam ao entusiasmo dos adeptos e também à postura sorridente do ciclista. Porém, não escondeu que o início de ano superou as suas expectativas.

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“Talvez tão glorioso não estava [à espera]! Cada temporada venho sempre com novas energias, tento sempre preparar-me da melhor maneira. Este ano houve uma mudança de equipa positiva, que me traz outro alento, outra motivação”, confessou.

Nova equipa, novos companheiros, Rui Costa realçou a motivação extra que neste momento sente, mas… “Começar da melhor maneira a temporada com três vitórias era algo que não contava.”

Foram nove anos na UAE Team Emirates (contabilizando o tempo em que era a Lampre-Merida) até que chegou a altura de mudar. “Acho que as coisas aconteceram porque tiveram de acontecer”, disse sobre a saída da formação árabe.

“Foi algo que talvez não fosse esperado. Mas as coisas acabaram por ser desta maneira. Às vezes, não esperando, as coisas acabam por ter o seu sentido. E esta mudança foi excelente para mim”, salientou.

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Rui Costa contou que foi atraído pelo projeto da Intermarché-Circus-Wanty, equipa belga das mais recentes a chegar ao World Tour, por “ser um projeto totalmente diferente” do que estava habituado.

“É uma equipa boa, que corre diferente de todas as que tive porque é uma formação mais pequena, que corre sem pressão, que entra em todas as corridas para as disputar. No fundo é a possibilidade de ter a oportunidade que a equipa esteja comigo, para me apoiar e eu poder disputar ao longo da temporada várias corridas. Isso foi fundamental”, destacou.

Algo que tem se tornou imagem na Intermarché-Circus-Wanty é a capacidade de ter vários ciclistas com capacidade de lidar nos vários tipos de provas, mas com todos também a saberem assumir-se como homens de trabalho, sempre que a situação assim o exige.

“No fundo é uma equipa que não tem um líder assumido. É certo que para o Tour temos o Louis Meintjes, nas chegadas ao sprint temos o Biniam Girmay, mas depois a equipa é muito aberta”, começou por explicar.

“Quando entra numa corrida, a equipa entra com duas ou três possibilidades, como aconteceu na Volta à Comunidade Valenciana. Eu tive a oportunidade de poder fazer a classificação geral e ao longo das outras etapas que terminariam possivelmente ao sprint, tínhamos o Biniam Girmay.”

“Por isso, é uma equipa que corre sempre aberta a todas as circunstâncias e a todas as possibilidades que haja durante as etapas”, reiterou.

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O ambiente na equipa é outro aspeto positivo, sendo que há muitos jovens, com Rui Costa a ser uma voz de experiência. Algo que, aos 36 anos, aprecia.

“Respeitam-me muito e é muito bom ser ouvido. Eles aceitam da melhor maneira os meus conselhos. Também é importante para eles eu passar toda a bagagem que adquiri durante todos estes anos”, referiu.

Rui Costa é o primeiro português e campeão do mundo na equipa belga (Alessandro Volders / @cyclingmedia_agency)

O próximo objetivo é a Volta ao Algarve, que começa esta quarta-feira e decorre até domingo. Rui Costa já esteve no pódio em 2014, então com a camisola de campeão do mundo. No entanto, é cuidadoso nas expectativas.

“A Volta ao Algarve sempre foi uma prova que me entusiasmou muito. As intenções são sempre as melhores. Mas o facto de ter um percurso sempre muito idêntico todos os anos torna-se um pouco limitado para mim face ao contrarrelógio que tem. Mas, para onde vou, tento sempre fazer o meu melhor e no Algarve não será exeção.”

Depois… Falta um monumento no palmarés de um ciclista com um título mundial, três etapas na Volta a França e três Voltas à Suíça, entre outros triunfos.

Rui Costa até suspira ao pensar como já esteve tão perto de conquistar uma Liège-Bastogne-Liège e uma Lombardia (tem um terceiro lugar em ambas as corridas).

“Suspiro pelo facto de ter tido duas oportunidades onde fiz pódio, estive tão perto de ganhar e não ter conseguido. Às vezes torna-se quase impossível estar novamente no pódio, mas não vou baixar os braços. Vou tentar”, garantiu.

Strade Bianche, Volta ao País Basco, clássicas das Ardenas, Volta à Romandia, Volta à Suíça e o Tour são as principais provas que estão no calendário do português até julho.

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Fotografia principal: João Fonseca Photographer/Figueira Champions Classic

Restantes fotografias: Cycling media agency/Photo News/Facebook Intermarché-Circus-Wanty // João Fonseca Photographer/Figueira Champions Classic

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