A Taça do Mundo de Ciclocrosse disputou-se pela primeira vez na sua história em Benidorm, em Espanha, na 13ª e penúltima ronda da competição, e foi uma das mais espetaculares e emocionantes da temporada, com vitória para Mathieu van der Poel.

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Em condições incomuns na prática da disciplina, com sol e um circuito com piso seco, muitíssimo rápido, distante do inverno chuvoso e das pistas enlameadas belgas e neerlandesas, assistimos a novo duelo titânico entre Mathieu van der Poel e Wout Van Aert. O corredor da Alpecin-Deceuninck não se queixou de problemas nas costas e conseguiu impor-se ao arquirrival da Jumbo-Visma, num final apertadíssimo e até arriscado. Toda a história…

A corrida iniciou-se em ritmo frenético, com Tom Pidcock (INEOS Grenadiers), cada vez mais próximo de ceder a camisola de campeão do mundo ao seu sucessor (o campeonato realiza-se a 5 de fevereiro e já avisou que não estará presente), a esticar o pelotão e a chegar a isolar-se alguns metros, forçando Mathieu van der Poel a empenhar-se na perseguição.

 

Destacaram-se rapidamente seis corredores: Pidcock, Van der Poel, Eli Iserbyt (Pauwels Sauzen-Bingoal), Laurens Sweeck (Crelan-Fristads), Van Aert e o surpreendente Kevin Kuhn (Tormans Cyclo Cross Team), que se mantiveram juntos, também com algum espanto por ser invulgar, até à quarta volta.

Então, Van der Poel atacou, isolando-se e obrigando Van Aert a responder, quando o belga até esse momento da corrida se mantivera discreto no seio do sexteto. Mas sentiu o risco, ainda que madrugador. Os dois ganharam algum avanço durante a quinta volta e parecia que se estava a fazer a seleção habitual, restringindo-se à dupla de (quase) sempre a discussão da vitória.

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Mas esta foi uma corrida diferente, até atípica, melhor! Iserbyt perseguiu os homens da frente e aproximou-se. Em sentido inverso, depois de um início fulgurante, Pidcock perdeu terreno.

 

Na sexta volta, MDVP continuou a insistir, a pressionar Van Aert, mas este ultrapassou-o. Iserbyt, entretanto, alcançou o duo, e continuou bem agarrado. E até Pidcock recuperou, renasceu, e reduziu a desvantagem para o trio, libertando-se de Sweek. Já Kuhn perdia gás.

Eis Iserbyt, na sétima volta, tentou surpreender os ilustres companheiros de grupo. Sem êxito. Pidcock aproveitou uma fase de algum aparente relaxamento à frente e recolou, tal como Sweeck, líder da Taça do Mundo. Nesta fase havia um quarteto. Mas por pouco tempo!

Van Aert lançou-se ao ataque e MVDP respondeu. Resultado? Os dois voltaram a isolar-se. Que facilidade! Era Sweeck que perseguia. À entrada da oitava e penúltima volta, estava a dois segundos da dupla de titãs, Iserbyt logo a seguir e depois Pidcock.

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Então, como havia feito Iserbyt uma volta antes, Laurens Sweeck apanhou os líderes e partiu de imediato para o contra-ataque. Todavia, estes não se deixaram iludir.

 

Já na última volta, Van Aert assumiu o comando, só MDVP respondeu. Voltaram a deixar todos para trás. Agora em definitivo. Tudo estava em aberto para a vitória. Van der Poel forçou e ultrapassou Van Aert num momento crucial. Este pareceu surpreendido. O neerlandês sabia que não podia levar Van Aert para risco de meta, ainda que a reta fosse pequena. Demasiado curta para um sprint normal. A dupla pedalava a fundo.

MVDP conseguiu manter Van Aert na roda e entrou à frente na reta. O belga ainda esboçou a aceleração, mas não teve espaço e até se desequilibrou no ato. Ganhou Van der Poel!

Eli Iserbyt completou o pódio, a nove segundos do duo fantástico, seguido de Laurens Sweeck, que na ausência de Michael Vanthourenhout (Pauwels Sauzen-Bingoal), conquistou a Taça do Mundo 2022/2023, antes da última jornada em Besançon. Pidcock foi apenas quinto.

“É sempre bom vencer. Foi uma grande corrida, mas também bastante perigosa e escorregadia devido a toda a areia e cascalho, o que dificultou a condução da bicicleta. Foi uma grande batalha com o Wout [van Aert]. Estou muito feliz por vencer aqui. Fisicamente, sinto-me bem. As minhas costas também estão bem”, afirmou Mathieu van der Poel após a quinta vitória nesta temporada de ciclocrosse.

 

“Vendo o sprint novamente, foi mais perigoso do que eu pensava. Estou feliz por não ter caído no sprint, mas acima de tudo dececionado por não ter vencido”, reagiu Wout Van Aert após a prova, referindo-se ao desequilíbrio que o levou a tocar nas barreiras na reta final, quando tentava ultrapassar Van der Poel.

“Sabia que entrar no sprint na liderança era crucial para a vitória. Por isso, a minha posição não era boa. Deveria ter estado à frente na última volta, mas distraí-me e ele [Van der Poel] ultrapassou-me na zona do parque e não consegui mais alcançá-lo”, explicou o corredor de 28 anos.

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Fotografias: Twitter CXWorldCup

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