“Estamos perante um ano histórico do ciclismo português, diria até que a nível mundial. […] Ter todos os ciclistas no passaporte biológico é pioneiro no ciclismo mundial”, vincou o presidente da Federação Portuguesa de Ciclismo (FPC) na cerimónia que assinalou a celebração do protocolo com a Autoridade Antidopagem de Portugal (ADoP).

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Descrevendo a ocasião da assinatura do novo protocolo como “de grande felicidade”, o dirigente estimou que este é o início de um “processo de viragem do ciclismo português”.

“Vamos dar um passo enorme, gigante, na luta antidopagem. […] Tratava-se aqui de darmos um gesto de salvação da credibilidade do ciclismo. Nós estamos aqui a dar uma volta para o futuro. O passado vai ser arrumado e temos de dar um passo em frente, que não tem paralelo com o que se passa noutros países”, destacou, por sua vez, o presidente da ADoP.

Manuel Brito considerou que o acordo “tem um significado muito grande não só para o ciclismo, mas para o desporto nacional”. “Este passo de reforço da integridade das competições desportivas é um passo muito importante para ultrapassar alguma suspeição que há sobre o ciclismo nacional”, notou.

O responsável reconhece que a “Operação Prova Limpa’”, que levou à suspensão de ciclistas e membros da equipa técnica da W52-FC Porto, grande dominadora no pelotão nacional durante praticamente uma década, acelerou a necessidade de um protocolo numa modalidade que merece “especial atenção”.

Manuel Brito realçou ainda a complexidade da operação de implementação do passaporte biológico à totalidade do plantel das equipas Continentais portuguesas – atualmente, há 92 ciclistas inscritos -, lembrando que, “de acordo com as exigências da AMA [Agência Mundial Antidopagem], cada atleta terá de ter pelo menos três análises fora de competição”.

O passaporte biológico, obrigatório para equipas WorldTeam e ProTeam, os dois primeiros escalões da modalidade, baseia-se na monitorização de determinados parâmetros biológicos (através de amostras de sangue e de urina), que, de uma forma indireta, possam revelar os efeitos da utilização de substâncias ou métodos proibidos, em oposição às estratégias tradicionais de deteção direta de substâncias ou métodos proibidos em amostras de sangue e de urina.

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Para esta “entrada de ano auspiciosa”, muito contribuíram, de acordo com o presidente da ADoP, decisões tomadas pelo Governo, nomeadamente o “reforço de 60%” da dotação daquele organismo, assim como a reabertura do Laboratório de Análises de Dopagem (LAD), de Lisboa, que facilitará a logística e diminuirá os custos.

Os custos desta operação, estimados em 120 mil euros, serão divididos entre a ADoP e a FPC, que deverá entregar cerca de 50 mil euros ao organismo antidopagem. A verba disponibilizada pela federação foi custeada pelas nove equipas Continentais portuguesas, que pagaram 500 euros por ciclista no momento da inscrição para esta época velocipédica.

“A adesão foi 100% da parte da nossa comunidade”, garantiu Delmino Pereira, para quem “todos perceberam que [o protocolo] reforça a credibilidade junto dos seus patrocinadores” e que é “uma ferramenta de igualdade” no pelotão nacional.

Além do alargamento da implementação do passaporte biológico a todos os corredores das formações lusas, que pertencem ao terceiro escalão do ciclismo mundial, o protocolo prevê ainda ações de formação e sensibilização dos agentes envolvidos na modalidade.

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Fotografia: Federação Portuguesa de Ciclismo

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