Qual o maior desafio das e-BTT de nova geração? Exato: reduzir o peso. Mas sem sacrificar funcionalidade, estabilidade e performance. A Orbea Rise M-Team, em linha com alguns outros modelos do mesmo segmento que tivemos o privilégio de experimentar recentemente, consegue fazer isso. Há pequenas coisas que ficam de fora, de facto, mas as sensações em cima da bike compensam. Vejamos como.

PUB
Nova Trek Procaliber 2025

O primeiro ponto a ressalvar está relacionado com o peso, efetivamente: fica abaixo de 19 kg (talvez com pedais e alguns acessórios extra passe esta marca). E isto é bom, até porque estamos cada vez mais próximos de ver bikes elétricas de BTT no patamar de peso de alguns modelos de suspensão total convencionais. Lá chegaremos.

Neste capítulo, e para chegar aqui, é preciso lembrar que há muitos componentes topo de gama que são originalmente leves e que assim contribuem para esta vantagem, que acaba por ser paga a todos os níveis, já que esta Orbea Rise M-Team custa 9.299 euros.

Ora, podemos rapidamente falar de três aspetos que garantem leveza, isto além do quadro em carbono e do binómio motor-bateria, de que falamos mais à frente. Em primeiro lugar, as rodas: umas Race Face Turbine-R30 TLR 15/110mm IS. Sendo umas rodas desenhadas para o enduro, com um desempenho sem mácula, são também leves tendo em conta esta vertente do BTT, estando ligeiramente acima dos 1.800 gramas.

Depois, a transmissão, que é outro dos elementos que pesa sempre um pouco na balança. Aqui encontramos um conjunto full Shimano XTR que dispensa apresentações e que é do melhor (e mais leve) que podemos encontrar na gama Rise. Corrente, cassete 12x 10-51t, desviador e shifters da série M9100 (em parceria com um pedaleiro e*thirteen de 32 dentes) que garantem progressão de velocidades muito suave e sem ruído, como conhecemos deste sistema.

PUB
Nova Trek Procaliber 2025

Os travões são também Shimano XTR (M9120), de quatro pistãos e com discos de 180 mm, e representam aqui um papel importante, pois numa e-BTT é sempre vital conseguirmos travar com tanta eficácia como aquela com que conseguimos avançar, principalmente a descer. Desempenho irrepreensível.

Por fim neste trio de leveza, surge a suspensão Fox 36 Float Kashima com 150 mm de curso. Mas é uma situação um pouco antagónica, diga-se assim, e por uma razão: é um modelo que reduz o peso ao mínimo dentro deste segmento, mas há em opção na Rise a versão de 140 mm, que ajuda a reduzir o peso a custo de algum sacríficio de performance nos trilhos.

Já que falamos em suspensão, atrás podemos contar com um amortecedor Fox DPX2 Factory com 140 mm. Não é só nesta bike que esta solução traz uma excelente leitura do terreno, juntamente com algum conforto que pode ser necessário em tiradas mais longas. Versatilidade nos ajustes também não falta, ainda para mais há um espaçador mais largo no pack para aplicar e deixar o amortecimento mais “justo”. Depende dos gostos, do nosso lado decidimos deixar como vem de origem.

Pronta para as grandes aventuras

Como já sabes, dentro das nossas disponibilidades gostamos de andar umas boas semanas com cada bicicleta antes de tirarmos as nossas conclusões. Mais uma vez fizemos isso e seguimos essa lógica. Entre várias outras voltas curtas durante a semana, decidimos apresentar a esta Orbea Rise M-Team uma grande “aventura”: visitar a Serra do Socorro quatro vezes quase consecutivas (em quatro semanas seguida), percorrendo nessas voltas o mesmo percurso de BTT com 70,8 kms e acumulado de 2.042 D+ (entra em contacto connosco caso queiras receber o track).

PUB
Prototype

Enquanto e-BTT de enduro e trail (mais dirigia a esta segunda vertente do que à primeira, claramente), esta bike nem sempre tem neste tipo de percursos o seu habitat natural. Também porque há quem escolha modelos com estas características para “curtir” locais com muitas descidas com saltos e desafios mais “irreverentes”.

Mas, com muitos estradões, vários singletracks e descidas rápidas (além de técnicas), esta “rota” na Serra do Socorro, na zona Oeste do país, é, contudo, um percurso com quase tantas secções divertidas como exigentes. Tem de tudo um pouco.

O objetivo era levar a Orbea Rise M-Team ao limite, claro, mas também passava por verificar duas coisas: até que ponto aguentava a bateria em termos de autonomia num uso muito idêntico nos quatro dias; e até que ponto a bike era expedita a subir com a assistência elétrica totalmente desligada.

Começando precisamente por aqui, diga-se que desligámos o sistema sempre nas mesmas subidas: uma composta por uma parte de estradão de terra e outra de asfalto; uma muito técnica com pedras a dificultar a progressão; e uma um pouco menos técnica, mais longa, com regos, socalcos, pedras soltas e lama firme.

Resultado: um excelente sensação a progredir, ficando apenas um pouco abaixo de um outro modelo de e-BTT que testámos recentemente e que também se mostra bastante leve tendo em conta o segmento em causa. Passou neste teste.

Já no outro teste, o da autonomia, a nota também é positiva.

Nestes 70,8 kms com 2.042 D+ de acumulado, informamos que a bateria esgotou-se apenas rente ao fim da volta, mais concretamente entre os kms 65 e 67, já com as subidas todas feitas. Nota importante: fizemos o percurso sempre nos modos de assistência Eco e Trail, ligando o Boost apenas em cinco partes, que são as subidas mais técnicas e inclinadas, que foram assim transpostas muito facilmente.

PUB
Prototype

Visto isto, falemos então do sistema Shimano Steps EP8 que a Orbea tem nesta gama Rise, que combina um motor menos potente do que estávamos habituados a ver (60 Nm) e uma bateria interna com apenas 360 Wh.

Shimano Steps EP8

Ora, temos aqui vantagens e desvantagens, como sabemos: por um lado, menos potência significa menos velocidade, menos força na assistência à pedalada e menos poder de aceleração. Há quem não abra mão disso, nem mesmo a troco de autonomia. Por outro lado, sabemos que está aqui o principal fator para conseguimos ter e-BTTs mais leves e sabemos também que haverá energia para pedalarmos mais tempo.

Aliás, além do que apurámos, a marca garante que se conseguem percorrer 4.000 D+ e andar oito horas se usarmos o Orbea Custom Range Extender de 252 Wh (que custa 449 euros em separado). A Shimano também faz essa promessa num artigo no blog do sistema Steps.

Regressando aos modos, refira-se que no modo Trail, talvez o mais utilizado, há a possibilidade de selecionarmos dois patamares (ou perfis de uso), um mais potente que outro. Dá jeito e preferimos o segundo patamar, mais expedito e que faz com que evitemos o modo Boost muitas vezes, já que este “come” mais energia. Enquanto isso, o modo Eco é muito vagaroso…

Está ausente qualquer unidade de controlo com ecrã. Mas podemos fazer isso com um GPS Garmin…

Ainda neste capítulo, temos obrigatoriamente de discutir a questão da unidade de controlo, que simplesmente não existe na Rise. Ao contrário do que vemos noutras marcas, não encontramos nas Orbea de e-BTT qualquer ecrã integrado ou visor que nos permita ver dados referentes ao uso do binómio motor-bateria.

O que há é uma pequena caixinha a meio do cabo no guiador que tem pequenas luzes LED que indicam o modo selecionado no momento (Eco, Trail ou Boost), modos estes que são selecionados através de dois botões junto ao punho esquerdo e ao controlo do espigão telescópico Fox Transfer. Imagens abaixo.

Pessoalmente gostamos mais de ter estas tecnologias de apoio à condução elétrica e assistida do que não ter nada a este nível, como aqui acontece. Mesmo sabendo que a ideia é poupar peso. Porque, neste caso da Orbea Rise, o objetivo é esse, sim, criando um bike elétrica que quer dar mais preponderância à potência das pernas do ciclista. Será sempre uma questão de gosto pessoal…

Nota para quem usa GPSs Garmin: existe forma de recorrer ao GPS para ter no ecrã alguns destes dados e informações. Não testámos esta funcionalidade, mas poderá ser uma solução. Uma boa ideia é de certeza, desde que não contribua para drenar a bateria do sistema de navegação.

Alguns destaques:

Engenharia Orbea

O pivot que segura o amortecimento traseiro associado ao quadro das Orbea Rise. Eficácia e um look original, também.

Orbea Rise M-Team

Esteticamente atrativa?

Pode ser uma questão de gosto pessoal, mas achamos os apontamentos de design bastante atrativos. Aqui também vemos o avanço curtinho, que dá uma posição de condução agressiva à bicicleta (juntamente com o guiador de 780 mm).

Pneus Maxxis

Não temos qualquer razão de queixa dos Maxxis montados nesta Rise. Aderência e resistência nos trilhos, aparentemente. A menos que se tornem demasiado “vulneravéis” ao fim de uns milhares de kms…

Ligar e desligar

Aqui estão o botão que liga e desliga o motor/bateria da bike e também a ligação para ligar o carregador da bateria, com uma tampinha estanque e que não abre em situação alguma.

A nossa avaliação…

Como já escrevemos bastante, para esta conclusão deixamos uma impressão geral que nos surpreendeu muito pela positiva: a Orbea Rise M-Team é uma e-BTT muito agradável e fácil de controlar em qualquer trilho.

Ou seja, está dentro do lote de bikes do género capazes de nos transmitir excelentes sensações nos percursos. É muito competente a curvar (mesmo que a velocidade vá um pouco acima do que devia…), é bastante fácil de levantar do chão (para quem domina mais a “coisa”!), é fluida a rolar e até a subir sem assistência nos parece capaz, dentro das óbvias limitações.

Juntando a isso uma boa seleção de tudo o que compõe uma bicicleta e uma quadro de carbono Orbea OMR com uma geometria perfeitamente adequado ao tipo de utilização, então o resultado está mais do que aprovado. Não é a melhor do segmento, mas quem a levar para casa (e para os trilhos) não fica de forma alguma dececionado.

Pontos mais positivos

  • O comportamento nos trilhos, muito por culpa de esta ser talvez a e-BTT mais leve que a Orbea já fez. Ágil, direta, competente, divertida, robusta, fiável. Uma companheira que não nos fará passar vergonha seja qual for o desafio pela frente.
  • A eficácia e qualidade de todos os componentes selecionados, com especial preponderância da transmissão, dos travões, das rodas e das suspensões. O selim, pelo contrário, não satisfaz.
  • A forma como a Orbea consegue aqui combina vários fatores que fazem com que a bike ronda os 19 kgs de peso apenas. E o centro de gravidade e de posição do peso é bastante baixo, o que a torna muito fácil de controlar.

 Pontos a melhorar

  • Será impressão nossa ou o sistema Shimano Steps EP8 faz um estranho barulho (tipo estalo) em muitos dos momentos em que é ativado e desativado automaticamente enquanto pedalamos? Não é impressão nossa, faz mesmo. Não é grave, mas é estranho e pode “chatear”.
  • Porque pessoamente gostamos destes elementos, faz falta uma unidade de controlo visual de informações relativas ao sistema de assistência elétrica e autonomia restante, por exemplo. Mesmo pesando mais na balança, no fim.
  • Sabemos que é material topo de gama que aqui está e que isso tem sempre de ser pago… Mas tanto este modelo como a topo de gama custam entre 9.000 e 10.000 euros!
  • O espigão telescópico nem sempre funcionou bem e pregou-nos alguns sustos do tipo “agora isto não está a funcionar e tenho de fazer mais 30 kms com o selim em baixo?!”. Pode ter ficado mal montado apenas… O selim não satisfaz, repetimos.
  • A cablagem interna denotou alguns ruídos parasitas. Mais uma vez pode ser apenas algo mal montado de origem e de fácil resolução. Mas chateia, pelo menos a descer trilhos técnicos.

Todas as fotos:

Galeria de pormenores:

Especificações da Orbea Rise M-Team:

  • Quadro: Orbea Rise OMR 2021
  • Amortecedor: Fox DPX2 Factory 3-Position Adjust Evol Kashima
  • Suspensão: Fox 36 Float Factory 150 Grip2 Kashima
  • Pedaleiro: e*thirteen e*spec Direct Mount 32T Boost
  • Guiador: Race Face Next R 780 mm
  • Shifters: Shimano XTR M9100
  • Travões: Shimano XTR M9120 (discos 180 mm)
  • Cassete: Shimano XTR M9100 10-51t 12x
  • Desviador: Shimano XTR M9100 SGS Shadow Plus
  • Corrente: Shimano CN-9100
  • Rodas: Race Face Turbine-R30 TLR 15/110mm IS
  • Pneus: Maxxis Dissector 2.40″ e Rekon 2.40″ 12
  • Espigão de selim: Fox Transfer Factory Kashima Dropper 31.6
  • Selim: Fizik Taiga Kium
  • Motor: Shimano EP8-RS
  • Bateria: Orbea RS Internal 360Wh
  • Peso: 18,9 kg
  • Preço: 9.299 euros

Outros modelos na gama Orba Rise:

Site oficial:

Neste teste:

  • Texto: Jorge Lopes
  • Fotografia: Jorge Lopes e Nuno Granadas
  • Riders: Jorge Lopes e Nuno Granadas
  • Vídeo oficial Orbea

Também vais gostar destes!