O ciclismo português terá pela primeira vez uma participação paritária, com dois homens e duas mulheres, distribuídos por quatro disciplinas velocipédicas, contrarrelógio e prova de fundo, na estrada, omnium, em pista, e cross country olímpico (XCO), em BTT. Será a estreia do ciclismo de pista nacional em Jogos Olímpicos e será também a primeira vez que Portugal participa na prova feminina de XCO.

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José Poeira, selecionador nacional de estrada, escolheu João Almeida e Nelson Oliveira, que competirão tanto na prova de fundo como no contrarrelógio. O selecionador nacional de pista, Gabriel Mendes, convocou a corredora que amealhou os pontos que asseguraram a Portugal a presença em Tóquio, Maria Martins. A escolhida pelo selecionador nacional de BTT, Pedro Vigário, para a estreia do BTT feminino português em competições olímpicas foi a jovem Raquel Queirós.

Os primeiros a entrar em ação em terras nipónicas serão João Almeida e Nelson Oliveira, pois a prova de fundo masculina está marcada para o dia 24 de julho. A dupla voltará a competir no dia 28 de julho, no contrarrelógio individual. José Poeira tem objetivos ambiciosos para as duas corridas.

“Se os Jogos fossem no ano passado não tinha a expectativa de estar presente, mas foram adiados. Com os resultados que tenho apresentado, comecei a pensar que poderia ter uma possibilidade. Como só temos duas vagas, sabia que as possibilidades de ser ou não convocado eram de 50/50. Felizmente fui escolhido e acho que vai ser uma grande experiência! Estou muito entusiasmado para meter os dorsais na camisola de Portugal nesta competição. Estive a analisar o percurso. Já percebi que é muito duro, adaptando-se às caraterísticas dos ciclistas portugueses. Somos só dois, o que nos coloca em desvantagem relativamente a outras seleções, mas estou confiante de que vamos estar na luta por bons resultados”, afirma João Almeida, sexto classificado no recente Giro de Itália.

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Nélson Oliveira vai estabelecer um novo marco da modalidade na capital do Japão: será o primeiro ciclista português a competir em três edições diferentes dos Jogos Olímpicos. Depois do 18.º lugar em Londres’2012 e do sétimo no Rio’2016, que esperar do contrarrelógio do bairradino em Tóquio? O próprio responde: “A ambição passa por melhorar o resultado do Rio. Sonhos, temo-los. O percurso é bom, porque é longo e muito duro, praticamente sem um metro plano. Mas o clima, devido à humidade e à temperatura, será o fator-chave. Estou a fazer preparação na câmara térmica do ADAI [Associação para o Desenvolvimento da Aerodinâmica Industrial, instituição ligada à Universidade de Coimbra] para dar sinais ao corpo das condições que vamos encontrar no Japão”, conta o recordista de participações do ciclismo nos Jogos.

Se o objetivo pessoal passa pelo contrarrelógio, Nélson Oliveira tem em mente a missão coletiva na prova de fundo. “Darei o meu melhor num percurso muito exigente e estou totalmente à disposição para ajudar o João Almeida, que tem demonstrado ser um grande ciclista, está sempre com os melhores na montanha”, assume o anadiense, que, apesar de já ser repetente na competição, não perde o entusiasmo: “É sempre um orgulho representar Portugal, especialmente nos Jogos Olímpicos. Mas também é uma grande responsabilidade, porque estamos naquele que é, provavelmente, o maior evento mundial, não apenas da área do desporto”.

Em contrapartida com a experiência de Nelson Oliveira, Raquel Queirós estreia-se nos Jogos Olímpicos. Vai fazê-lo no dia 27 de julho. “Estou muito feliz por chegar tão jovem a esta competição com que sempre sonhei. Mas, mais do que o final de um processo, acredito que pode ser o começo de algo muito bonito. Vou a Tóquio para continuar a minha aprendizagem, porque sou uma sub-23 que vai correr contra a elite. Vou dar o meu máximo e o resultado logo se vê”, avança Raquel Queirós.

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Cabe a Maria Martins a honra de encerrar a participação velocipédica portuguesa, disputando as quatro provas do concurso de omnium no dia 8 de agosto. “O apuramento foi a concretização de um sonho que não esperava realizar tão cedo. Estou muito motivada para representar Portugal e para dar o meu melhor perante adversárias que conheço dos Mundiais e das Taças do Mundo. Importa, primeiro, fazer uma boa preparação para, durante os Jogos, encarar cada uma das quatro provas pontuáveis de cada vez. Conquistar um Diploma Olímpico seria concretizar mais um sonho, mas se calhar já seria pedir muito a realização de dois sonhos tão difíceis de uma vez”, graceja a corredora.

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