Quando falamos de guiadores para bicicletas de estrada (ou para outros tipos de bicicletas), a primera coisa que te vem à cabeça é: serve para conduzir a bike, claro. Mas será que este é um componente que se fica por essa simples (e essencial) função? A resposta é não. E remete-nos para tópicos como ergonomia, conforto e, naturalmente, desempenho.

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Por mais simples que possa parecer, o guiador tem no design muitas horas de estudo “gastas” pelos seus respetivos criadores, normalmente ao serviço das marcas. A sua morfologia deste componente, as respetivas dimensões e os materiais empregues na construção influenciam a condução mais do que imaginamos. E o modo como as várias partes são desenhadas, conjugadas e montadas tem muito que se lhe diga.

guiadores para bicicletas de estrada

Assim, com base no nosso entendimento do tema, em consultas feitas a especialistas e na nossa experiência em cima da bike, eis as nossas ideias sobre os guiadores para bicicletas de estrada. Objetivo: ajudar-te a perceberes e avaliares se estás a usar este componente corretamente ou se, pelo contrário, deverás fazer alterações.

Guiadores para bicicletas de estrada: 4 coisas que deves saber

1. As várias partes do guiador

É mais ou menos do domínio geral que podemos diferenciar quatro partes num guiador. E cada uma tema a sua finalidade:

 Tubo horizontal

É a parte superior. Geralmente é usado para apoiar as mãos nos momentos em que desejamos descansar (permite uma melhor respiração) e nas zonas pouco complexas, onde podemos relaxar as costas e não ficar tão curvado. O diâmetro e a forma tendem a variar, embora a área onde está preso ao avanço (se não for integrado) deva ser redonda e com 31,8 mm de diâmetro (existem outros diâmetros, mas são pouco utilizados). Os guiadores tipo Aero contam com este tubo/barra praticamente plano(a) para fazer baixar a resistência aerodinâmica.

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Rampa

Digamos que é onde o guiador começa a “cair”, o ponto onde habitualmente são fixadas as manetes. Quando colocas as tuas mãos nos suportes das manetes, parte delas também estão apoiadas na referida rampa. Esta posição melhora a aerodinâmica, embora continues a manter uma postura razoavelmente erecta e relaxada, e permitirá que tenhas as manetes de travão sempre à mão, o que a torna uma posição bastante adequada para subidas.

Gancho

É a área da curva do guiador. Nesta posição vamos segurar o guiador quando estivermos, por exemplo, numa descida, pois isso vai melhorar muito a aerodinâmica e permitir que tenhas os dedos nas manetes caso tenhas de travar. Também é uma zona confortável para rolar em percursos planos.

Tubo final

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É a parte final e geralmente é paralelo (ou quase paralelo) ao solo. Esta posição é utilizada em momentos de entrega de potência máxima (num sprint, por exemplo), permitindo que assumas uma postura de ataque, e a pedalar em pé.

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2. As dimensões do guiador

Outro ponto importante, pelo que existem várias dimensões que geralmente são especificadas num guiador:

Largura

Vai de uma ponta à outra do guiador e toma como referência o eixo central do tubo. No entanto, diversas marcas referem-se como largura a medida externa do tubo, pelo que poderás levar isso em consideração se quiseres comparar diferentes guiadores. Geralmente, esta medida varia entre 36 e 46 cms.

Reach

É a distância que vai do eixo da barra horizontal ao eixo do tubo na frente do guiador (onde começa a inverter). Essa medida afeta o quão longe podemos inclinar o componente, o que nos fará debruçar mais para a frente, melhorando a aerodinâmica, à partida.

Drop

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É a distância do eixo da barra horizontal ao centro do tubo na parte inferior. Esta dimensão permite-nos ir mais agachados quanto mais elevado ele estiver, melhorando também a aerodinâmica (embora torne difícil a transição das mãos para as manetes de travão).

Drive

Este dado é “produto” dos dois anteriores, logo a relação entre o “reache e o drop revela o resultado de ângulos diferentes.

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3. Os tipos de guiador

 A forma do guiador (não as suas dimensões, pois isso é outra questão) pode variar e depende da abordagem ou da utilização que lhe queremos dar, algo que deverás ter em consideração na hora de escolher o teu. Geralmente, as dimensões que mostramos como referência para cada tipo de guiador variam em função de cada marca:

Compact

Os guiadores compactos têm uma forma e dimensões mais “recolhidas”, dado que têm como objetivo permitir um manuseio rápido das manetes e uma transição suave das mãos entre as diferentes posições. O drive é geralmente bastante curvo e o reach e o drop pequenos (o primeiro com cerca de 70 mm e o segundo com 110 a 125 mm). Normalmente, os guiadores de ciclocrosse apresentam este design.

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Ergonómico

Este tipo de guiador apresenta um drop de aproximadamente 130 mm e um reach de 80 mm, ou seja, ambos são bastante pronunciados, o que proporciona uma boa postura aerodinâmica. Na zona do gancho encontras uma parte plana, normalmente, o que te permite colocar confortavelmente as mãos nesta posição, para poderes rolar rápido e com o tronco em baixo. Obviamente que a transição das mãos será mais lenta do que em num guiador compact.

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Clássico

De dimensões intermédias, entre as dos compact e ergonómico, o guiador clássico responde a um design tradicional em que a parte do gancho é bastante regular (arredondado). Está concebido para ser utilizado com as mãos em qualquer posição.

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Gravel

Com dimensões próximas às de um guiador compact, aqui as pontas da parte inferior tendem a abrir (a largura dessa parte é maior que a do tubo horizontal). Desta forma, quando as tuas mãos estiverem nessa posição terás mais força para lidar com as secções mais técnicas nos percursos.

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Contra-relógio e triatlo

Estes guiadores respondem exclusivamente à necessidade de obter registos aerodinâmicos muito elevados, privilegiando a parte superior e ignorando a parte inferior do guiador de estrada. Podemos diferenciar duas partes: o próprio guiador, onde são colocadas as manetes de travão e, por outro lado, a zona de aperto ao avanço central, onde se posicionam as mãos em trajetos em que não é necessário manusear as mudanças. A largura do guiador é geralmente menor, centrando-se entre os 40 e os 42 cm.

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Guiadores para bicicletas de estrada: o que ter em conta na hora de escolher?

Escolher um guiador, como se torna fácil de perceber por tudo o que referimos atrás neste artigo sobre guiadores para bicicletas de estrada, pode não ser tarefa fácil. Para ajudar, podemos enumerar agora vários fatores que podes levar em consideração na decisão:

O design

Depende da utilização. É relativamente fácil saber que tipo de guiador é o adequado. Se o teu foco é a estrada deixamos de lado os específicos para TT / Triatlo ou Gravel), o guiador tipo  Classic irá permitir uma utilização equilibrada seja qual for a abordagem, já um Compact, caso as nossas voltas sejam em zonas montanhosas. O Ergonómico, caso as nossas rotas sejam maioritariamente as estradas sem qualquer altimetria. Por outro lado, existe uma longa lista de guiadores com o avanço já integrado: a seu favor, destacam-se a redução do peso, o aumento da rigidez e os melhores valores aerodinâmicos. Como também, para dizer que a sua escolha é mais complexa, já que terá de ter em consideração o comprimento do avanço, já que há pouca margem para erro.

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As dimensões

Em primeiro lugar, a largura. É o que determina o quão confortável te irás sentir. Mais largo? Maior conforto, liberdade de movimento e pior aerodinâmica. Se não sabes por onde começar, toma como referência a largura dos ombros, mais ou menos onde se projetam os acrómios (aqueles ossinhos mais salientes que temos no ombro), e opta por um guiador com a mesma largura.

O drop e o reach: ambas as medidas acabam por corresponder às tuas necessidades, seja pelo gosto (medidas maiores se quiseres adotar uma postura muito aerodinâmica ou mais pequena se preferires posturas mais de passeio) ou pelo teu tamanho (quanto maior fores, mais espaço precisarás e maiores ambas as dimensões terão que ser).

Depois, o avanço. Embora não faça parte do guiador (exceto no caso dos integrados), esta é uma medida que influencia o resto do guiador, principalmente o drop e o reach, uma vez que estão todos interligados. O comprimento do avanço vai determinar onde vais colocar o guiador, então será a posição em que vais colocar a chamada barra horizontal, influenciando a posição do teu corpo quando colocares as mãos nesta área do guiador. Mas também vai determinar o manuseio da direção: quanto maior o avanço, mais avançarás no seu peso, o que implica mais estabilidade na direção. Se este for curto, irás diminuir o peso e melhorar um pouco mais a maneabilidade.

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O material da construção

Certamente que nos dias de hoje a tua escolha não está necessariamente ligada ao peso, pois, atualmente, o alumínio e o carbono são amvos materiais muito leves. O alumínio é menos rígido que o carbono e permite certa flexibilidade, aumentando o conforto (por exemplo, ao mudar de sentado para em pé), mas diminuindo a sensibilidade quando pedalamos.

Também filtra menos vibrações face ao carbono, o que “transporta” o terreno irregular para as nossas mãos com mais evidência, enquanto o carbono os filtra de forma mais eficaz.

Por fim, os guiadores de alumínio apresentam melhor resistência ao impacto e um menor custo na hora da compra quando comparados com  os de carbono.

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